Desde a compra da Pixar e o início da era John Lasseter nos estúdios, a Disney vem passando por uma reinvenção. Frozen foi o último lançamento deles e o filme é a prova definitiva de que o estúdio do ratinho das orelhas redondas finalmente se modernizou. Atentando para o fato de que se trata de um musical de princesa.
Na última era dourada do estúdio – tais eras são sempre relacionadas a quem é o chefe criativo lá dentro – a Disney realizou obras-primas como Alladin, A Bela e a Fera e O Rei Leão. Lá pelo final desse período, saiu um filme chamado Mulan, a protagonista não era uma princesa e no final, ela é quem salvava o reino.
Os criadores do desenho dizem que o fizeram porque perceberam que não haviam personagens femininas fortes e auto suficientes para serem exemplos para suas filhas. Isso foi quase vinte anos atrás. Entre aquela época e a atual, a Disney se perdeu um pouco. Mas Lasseter retomou a prosperidade e, desde sua tomada, já lançou obras ótimas como Detona Ralph e agora este Frozen.
Frozen foi um filme terrivelmente mal vendido. Todos os trailers e propagandas que chegaram até mim estavam relacionados ao boneco de neve galhofeiro chamado Olaf. Mas eis o problema, esse boneco desgraçado aparece lá pelo meio da produção e praticamente não tem relevância para a trama.
Vamos aos acertos de Frozen. Primeiro, adaptar para o cinema o conto russo The Snow Queen. Por que é um acerto? Porque o próprio Walt Disney queria adaptar essa história e porque é um conto bastante sombrio. Segundo acerto, transformar a história em um desenho de princesas sem perder a essência do original. Trata-se de um conto sobre medo e amor, e é exatamente sobre o que o filme realmente é.
Mas o maior acerto é a subversão de valores paternalistas clássicos da Disney. Frozen não é sobre uma princesa a ser salva. É a história de duas irmãs separadas pelo medo e a reunião das duas através do amor. Amor fraternal, nada de romantismo barato. Muito pelo contrário, Frozen zomba de casamentos e amores mágicos à primeira vista.
Toda a trama vai construindo essa reimaginação de conceitos. Com uma canção, a mais nova se apaixona e aceita se casar com um príncipe desconhecido. Poucos minutos depois, a mais velha diz não ser uma boa ideia. Quando o interesse romântico verdadeiro aparece, não há cantoria nem momentos bonitos e mágicos. O amor floresce da convivência e do diálogo.
Quando surge a solução para o conflito principal, uma demonstração de amor, imagina-se que se trata de um beijo. Mas vale lembrar que este não é um filme romântico. O foco é o amor entre as irmãs. E os realizadores sabem disso. Surge então um final não exatamente original ou brilhante, mas que é muito mais interessante e válido que em qualquer outro desenho de princesa.
Além disso tudo, o filme ainda resgata outras tradições Disney. É um musical, mas cada música serve para a história, seja apresentando um contexto ou um personagem. Tanto o é que do meio para o final não há mais cantoria. E a primeira parte musical sobre brincar na neve sozinha vale mais com seus poucos minutos que as quase três horas de Os Miseráveis inteiro.
Outro resgate é o uso das cores. Cada princesa possui padrões de cores diferentes, apesar de relativamente semelhantes. A medida em que se unem no final, os padrões vão se misturando. Os cenários e os ambientes mudam de luzes para indicar os sentimentos propostos nas cenas. É como o estúdio sempre se propôs a contar suas histórias. Se colocarmos seus filmes no mute, poderemos entender tudo o que acontece através das cores e das imagens.
Pode-se dizer que Frozen é a prova de que a Disney finalmente faz parte de um mundo mais moderno, sem perder tradições válidas.
GERÔNIMOOOOOOOOOO…
http://www.policymic.com/articles/79455/7-moments-that-made-frozen-the-most-progressive-disney-movie-ever