Quando eu assisti ao primeiro trailer de Guerra Mundial Z minha cabeça explodiu. Não eram só zumbis correndo, eram ondas de zumbis. Eu nunca havia imaginado algo do tipo. Se tem uma coisa que me faz querer assistir a um filme é a noção de que vou ver algo que nunca imaginei. Simples assim, quando vi os zumbis virando um ônibus com sua onda eu já estava comprado.
Gerry Lane é um ex investigador da ONU que presencia com sua família um mar de zumbis surgir no meio das ruas. As forças militares os resgatam para fazer uso de suas habilidades. Sua missão é encontrar a origem da infecção para começarem os estudos de uma vacina contra a doença.
O filme é adaptação do livro homônimo. Mas não se deixe enganar, não tem muita coisa a ver com a obra que serviu de inspiração. Além dos mortos-vivos e uma ou outra ambientação política, Guerra Mundial Z é completamente diferente do livro.
O livro faz uma construção detalhada de como seria uma eventual manifestação zumbi. Acompanha a infestação se alastrando e os diversos problemas políticos e globais que surgiriam. O filme é uma caça ao tesouro em escala global. E também um draminha sobre um homem tentando salvar sua família.
Para quem quer uma obra idêntica ao material inicial, fuja do filme. Se você quer assistir um filme maneiro e maluco de zumbis, esse é pra você. Como eu disse lá em cima, só queria ver as ondas de zumbis virando automóveis e tomando as ruas. Essa foi uma das coisas que eu consegui.
O problema é que já tinha conseguido essas coisas nos trailers. Cada cena das ondas de zumbis já foi revelada no material de divulgação. Não tem nada novo no filme em si. Então essa já foi uma decepção. E nem é culpa do filme, é da distribuidora que vendeu tudo o que ele tem de bom antes.
O roteiro é interessante. Cria um jogo de investigação em escala global. Começa com Gerry procurando o ponto de origem do vírus e vai passando para ele procurando pista através de diversos países. Esse desenvolvimento é envolvente, mas acaba ficando episódico.
Como na maioria dos países investigados Gerry vai ser um dos poucos sobreviventes, cada lugar parece um capítulo fechado. Começa com o ataque na Filadélfia, passa pelo Iraque e fecha na Inglaterra. Em cada lugar, Gerry encontra personagens interessantes e passa por uma história ligada a eles. É como se o espectador estivesse assistindo quatro ou cinco episódios de uma série em sequência.
Como os personagens aparecem e somem rapidamente, perde-se a oportunidade de deixar grandes atores como o David Morse, o James Badge Dale, o Pierfrancesco Favino e até o Matthew Fox brilharem em cena. Vários coadjuvantes recebem falas expositivas demais que caem no ridículo. Principalmente um cientista que entra teatral e sai feito um palhaço.
Outro problema é como as coisas são convenientes. Iraque vira um pesadelo justamente quando Gerry chega lá. A esposa decide ligar justamente quando ele está cercado de zumbis adormecidos. Ele pega justamente o avião que tem um zumbi no elevador. Ele é justamente a única pessoa a perceber a obviedade por trás da chave na luta contra a infestação.
O legal mesmo é a trama investigativa e as cenas de ação e suspense. O diretor, Marc Foster, é um dos mais ecléticos de Hollywood atualmente. Faz 007 (ruim), O Caçador de Pipas (bom), Em Busca da Terra do Nunca, Mais Estranho que a Ficção (espetacular). Agora faz seu primeiro filme carregado de computação gráfica.
O problema do diretor normalmente é ritmo, mas ele faz cenas de suspense muito boas. Em um ponto, três personagens precisam passar por uma porta. Só isso. Nunca foi tão complicado e assustador passar por um espaço.
O Brad Pitt nem se esforça muito, o papel não pede por isso. Ele apenas vai lá e corre. Como disse antes, os coadjuvantes passageiros brilham mais. Mas convenhamos, esse não é um filme para se assistir pelas interpretações.
Já tem continuação confirmada. Espero mais ondas absurdas de zumbis.
Fique de olho na cena em que Gerry bebe um refrigerante. As pessoas aplaudiram na cabine de imprensa. É a melhor parte do filme.
GERÔNIMOOOOOO…
Gostei do filme e da sua crítica também 🙂 Dessa vez, eu concordo hahahaha Só acrescento que pela publicidade feita, achei que o filme fosse melhor e aí acabei esperando mais e me deparei com um filme mediano. Bom, mas mediano. Outro ponto, foi que achei que o Brad Pitt acabou se tornando muito o herói mais sortudo de todos e essas coisas, eu não gosto muito. Acho que poderia ter tido mais pessoas participando e resolvendo/descobrindo as coisas e não só o Gerry haha! 🙂
Seu texto está cada vez melhor! Bjão!
Obrigado. É bom ouvir esse tipo de opinião de uma jornalista. Vou me esforçar para manter o nível.