Quarenta anos se passaram após Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) ter perdido seus amigos, assassinados por Michael Myers, e atacada pelo próprio. Segurança e treinamento virou a maior obsessão da personagem, o que fez sua filha Karen (Judy Greer) se revoltar contra a mãe por ter sua infância roubada em detrimento do excesso e do enclausuramento a que Laurie a submetia.
Hoje, Laurie afastou todos de perto, filha, genro e neta Allyson (Andi Matichak), por acreditar que Myers (Nick Castle) um dia poderia escapar da prisão e vir atrás dela. É a partir daí que o filme começa, com um grupo de repórteres indo visitar o assassino e a tentativa falha de comunicação com ele. No dia da transferência de presos para outra delegacia, um acidente ocorre e, de fato, o mal encarnado consegue escapar.
O roteiro segue exatamente a mesma estrutura do primeiro filme de 1978. Desde Allyson repetir o papel de Laurie, só que de forma contemporânea com o uso de celulares e melhores desculpas para ir a festinhas, até a mesma composição de cena do original.
O que já pode ser apontado como um problema, o filme é excessivamente auto referencial com a franquia. Faz parecer um grande fan service sem o menor compromisso de originalidade no roteiro ou com outros elementos fundamentais de um terror, como a atmosfera.
Dessa vez, pelo menos a trilha sonora parece mais bem encaixada e não fora do ritmo da obra, contando com a música original de John Carpenter, em comparação com o original.
Há um ar cômico presente em alguns momentos também, tendo Laurie como ponto principal para isso. A personagem carrega consigo uma grande frustração por ter afastado as pessoas que ama durante toda a vida, mas também sente um grande alívio por ter ensinado à elas tudo que podia para se defenderem. Esse alívio cria um sarcasmo que combina com o tom da obra e a transforma em um símbolo da narrativa.
Não se espera que este filme tenha a obrigação de ser original, já que a franquia por si só colaborou para a criação de “clássicos do terror”, usualmente eles já são considerados histórias criativas, porém clichês. Mas autenticidade seria bom.
O momento em que Myers escapa parece até então uma saída patética, até que nos é mostrado o que pode ter colaborado para sua fuga. Só que nesse momento já estava tão previsível que a tentativa de surpreender falha.
A direção é aquela regular, comum. O diretor não inventa muita coisa nova e possui uma extrema dificuldade de nos manter apreensivos, Myers definitivamente já não é mais tão assustador. Talvez nunca tenha sido. É difícil imaginar que em tantos enquadramentos abertos as pessoas tenham dificuldade de escapar de uma besta que nem sequer sabe correr.
Halloween é isso. Divertido em alguns pontos, principalmente pela maravilhosa Jamie Lee Curtis, mas peca muito em atmosfera. Roteiro poderia ser um pouco mais autêntico, o que me levaria a querer assistir o filme mais de uma vez. No momento, não há chances de isso acontecer.