O lançamento de A Vida Secreta de Walter Mitty gerou uma divisão entre os críticos. Alguns adoravam a mensagem em meio às escolhas de Ben Stiller como diretor. Outros o diminuíram como power point de auto ajuda. Faço parte da primeira metade, mas compreendo o ponto de vista da segunda. Principalmente depois de ver este “Hector e a Busca pela Felicidade”.
Hector (Pegg) é um psiquiatra que tem a vida controlada nos mínimos detalhes. A namorada Clara (Pike) é uma farmacêutica de sucesso que arruma todas as roupas e partes da rotina dele. Um dia ele perde o controle e percebe que alguma coisa está errada. Para renovar os ares, ele parte em uma viagem pelo mundo para pesquisar a felicidade entre diversas culturas e tipos de pessoas.
A jornada, obviamente, é sobre a descoberta de si mesmo, e não da verdadeira felicidade. Hector tem mil e um problemas em diversos níveis, como qualquer pessoa comum, e todos eles serão abordados durante as paradas através do globo. Seja o desconforto com o relacionamento atual, a nostalgia da ex-namorada, a vontade de ficar com mulheres novas e diferentes (muitas das situações estão relacionadas a mulheres), a falta de empatia com a rotina pessoal e até (em um nível baixo) espiritualidade.
O diretor Peter Chelsom, do também ótimo Hannah Montana: O Filme (ironia entre parênteses porque sei que vai ter quem não entenda), faz boas escolhas. Hector vê representações da própria psique em projeções de imagens nos cenários e representações de elementos dos medos dele. Seja o cachorro que tinha quando criança passeando na neve das montanhas da China ou a imagem da namorada projetada sobre ele quando ele sente falta dela. O estilo visual remete muito a coisas como Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças.
Retomada de nostalgia. Hector aprende sobre abrir mão do passado.
Isso é o mais longe que a capacidade de Chelsom vai. A montagem corta entre os locais sem transição lógica, as cenas não recebem ambientação alguma. Hector, assim como a maioria dos personagens, é um estereótipo. Encontra um executivo cujas falas se resumem a coisas como: “Fala logo. Tempo é dinheiro.” no meio de um jantar durante uma viagem de lazer. Uma jovem charmosa e adorável que é claramente uma prostituta paga. Uma mãe de família africana que tem aquela típica sabedoria da pessoa simples. Um mercador de armas do mal espanhol, vivido por um francês, cujas preocupações se resumem a agredir os outros.
Entre as várias descobertas de Hector, muita filosofia barata é jogada para todos os lados. Um monge budista fala sobre como a felicidade é superior a pequenas frases até que aceita a resposta “Nós temos a obrigação de ser felizes”. O que é terrível. Isso tudo depois de ouvir de um especialista que “Não deveríamos nos preocupar tanto com a busca pela felicidade, mas com a felicidade da busca.” e de uma mulher à beira da morte que “ser capaz de ouvir é ser capaz de amar”.
No final das contas, a busca de Hector, assim como as frases (todas verdadeiras) é superficial. A graça está nas histórias isoladas que ele vive. Na China, se apaixona por uma mulher linda e mais jovem e vive esse pequeno romance ao máximo. Na África, é sequestrado por militantes e aprende o prazer de sobreviver a uma situação extrema. Nos Estados Unidos, descobre que a ex tem uma vida feliz com três filhos e percebe que, se tivessem ficado juntos, a felicidade resultante não seria maior que a atual.
Grande descoberta de vida reduzida a problemas de namoro.
No contexto da vida de Hector, ele apenas precisava de um tempo da namorada. Ou seja, os episódios que vive não dialogam com a trama principal e são, isoladamente, melhores que o filme como um todo. Na verdade, eles renderiam filmes superiores ao que se vê. Com destaque para a mulher que ele salva no avião. Cena belíssima.
Simon Pegg é um ator extraordinário. Como comediante, ele nunca cai no exagero de gritos e expressões ao fazer as mesmas piadas que um Leandro Hassum mataria com o humor de “gordo que grita”. No drama, ele carrega todas as emoções necessárias com louvor. Rosamund Pike é importantíssima para não deixar a personagem cair no ridículo tanto na parte disciplinada quanto na parte emotiva. Jean Reno e Stellan Skarsgård fazem duas pontas ridículas e parecem não acreditar nas falas exageradas que tem que proferir. A Toni Collette faz a ex de Hector com elegância. A personagem tem vida mesmo sem espaço nem profundidade. Quem rouba a cena, porém, é o Christopher Plummer. Ele será eternamente lembrado pela participação em A Noviça Rebelde, mas demonstra estar cada vez mais a vontade nas interpretações recentes. É a alma do filme, mesmo que seu personagem sirva principalmente para exposição.
Frases emotivas de efeito que são verdades, mas que usam mais de lirismo que de contexto somadas a imagens evocativas e mal dirigidas rendem o que eu considero um filme com cara de corrente de power point. Mais auto ajuda que uma reflexão, Hector deixa mais perguntas que respostas justamente porque não sabe quais as perguntas que faz e lhes dá respostas vagas.
GERÔNIMOOOOOOOO…
Então no final relata que o filme é de muitas perguntas e poucas respostas sendo elas vagas… realmente pode ter cenas power point, mas o que se percebe é que quem comenta não prestou atenção devida…o que nos move não são as respostas mas sim as perguntas e perguntas subjetivas como o que é o amor e a felicidade não mostra o conceito ou a definição mas como você pode enxergar aquilo que esta diante de você.