Enquanto escrevia a crítica deste filme na semana passada, percebi que precisava escrever este segundo post sobre. Única e exclusivamente porque a crítica não foi justa. Só falei dos aspectos negativos e precisei falar apenas que tem uns positivos, mas que não podia comentar. Para poder falar bem, vou falar aqui sobre os spoilers da produção.
Os trailers e todo o material de divulgação prometiam, de forma bem simples, um filme com a história do semideus mitológico contada com os efeitos especiais modernos. Uma estratégia para surpreender o espectador que vai descobrir, aos poucos, durante o filme que é uma coisa completamente diferente. O filme sugere uma origem para essa lenda do filho de Zeus que realizou trabalhos além da mortalidade.
Na primeira cena em que ele aparece realmente, finge que está matando sozinho um grupo de soldados sendo que tem um grupo de guerreiros que trabalham para sustentar a enaganação. Fica a dúvida, é o semideus com um grupo de seguidores ou algo diferente. Todos os questionamentos ficam pra trás quando se revela que a Hidra é, na verdade, um grupo de bandidos vestidos de serpentes. O povo acreditava que se tratava de um monstro de cabeças múltiplas e como Hércules e seus comparsas os mataram sem que ninguém visse, pareceu que o semideus matou um monstro.
Então surge a parte divertida do filme. Como Hércules criou a lenda de que tem sangue divino. Ele tem um grupo de pessoas que o fazem parecer um guerreiro com sangue de deus.
Dois deles possuem ataques de distância, Atalanta e Autólico. Na mitologia grega, ela é uma caçadora com tanta capacidade que seria capaz de enfrentar deuses. Ele é filho de Hermes, com habilidades semelhantes à do pai. No filme, ela ataca com flechas e ele arremessa facas. Com isso, podem matar pessoas próximas a Hércules fazendo parecer que ele consegue matar inúmeros oponentes com apenas um golpe.
Além dos dois, existe um homem selvagem chamado Tídeo. Na mitologia, foi exilado por ter matado um parente. Aqui ele é um jovem que nasceu no horror da guerra e nunca aprendeu a falar. Ele adora Hércules e o segue como guerreiro leal. Ele consegue fazer ataques ágeis que surpreendem inimigos que nunca o veem chegando e faz parecer que Hércules sobrevive a ataques surpresas pelas costas.
Anfiarau é um profeta tanto no filme quanto na lenda. Ele é um guerreiro habilidoso que ajuda Hércules e também é um profeta que o auxilia em relação aos perigos que precisa enfrentar. Quanto aos poderes sobrenaturais, vou tratar mais em breve.
Por último Iolau é sobrinho de Hércules e promotor de seus feitos tanto na mitologia como no filme. Na mitologia, porém, também era amante de Hércules, o ajudou nos doze trabalhos e ainda foi um dos argonautas que ajudou Jasão. No filme ele é um contador de histórias que anuncia o semideus para que tanto os inimigos tenham medo antes da chegada dele como para que as pessoas acreditem na lenda.
Nenhuma das lendas é real. Não há evidência de deuses, semideuses, monstros, criaturas mágicas ou qualquer tipo de poder. Anfiarau adivinha o futuro no chute. No final do filme é revelado que ele errou sua maior previsão e ele termina ficando feliz. Afinal de contas, a previsão era a da própria morte. O filme faz isso com engenhosidade e respostas inteligentes.
Mas isso não é o melhor. O mais legal é que o filme substitui o conceito do herói solitário. Aquele que não precisa de amigos, que resolve os problemas sozinho. Muito pelo contrário, o que faz de Hércules uma lenda é sua capacidade de liderar muitas pessoas e a união. O trabalho de equipe é o que resolve os problemas. Pode parecer bobo ou inocente, mas é um conceito moderno e mais palatável que um filme maluco de brucutu.
Duvido que este filme mantenha as qualidades por muito tempo. Quando seus conceitos “modernos” ficarem usuais, ele vai estar datado. Mas para o nosso tempo, é uma brincadeira mais do que válida. Principalmente porque, além dessas qualidades, ele tem um monte de defeitos.
ALLONS-YYYYYYYYY…