O medo antes de assistir Indie Game: The Movie era que o filme fosse se focar em programação de jogos e outros elementos mais técnicos da mídia. Havia a possibilidade de ver uma hora e meia de pessoas discutindo algoritmos, jogabilidade e por aí vai. Felizmente o filme é sobre artistas tentando vender sua arte, apesar de ser um pouco técnico aqui e ali.
O filme é um documentário que companha o desenvolvimento e lançamento de três jogos eletrônicos independentes que estavam chamando a atenção da indústria. Falando assim, parece a história dos jogos, mas na verdade é a história de seus criadores. Jonathan Blow realizou o jogo Braid, Edmund McMillen e Tommy Refenes fizeram Super Meat Boy e Phil Fish desenvolveu Fez.
O grande problema da produção é que resolve contar o desenvolvimento dos jogos na extensão do filme aproximadamente no mesmo espaço de tempo da produção na vida real. Ou seja, as histórias são contadas em paralelo, mas um jogo é lançado primeiro e some do filme. Esse jogo, Braid, de repente é esquecido.
E contando as duas histórias, de Fez e de Super Meat Boy em paralelo, o filme acaba dando algum tempo de destaque para um evento de um dos jogos e de repente nos lembra do outro. Corta o envolvimento com a outra parte e somos obrigados a nos lembrar de onde estávamos nessa. Fica indo e voltando, deixando o desenvolvimento confuso.
Por outro lado, não existem muitas possibilidades diferentes para fazer o filme. Tentar contar cada jogo de cada vez faria dele episódico e acabaríamos pensando apenas em um no final. A melhor solução para o ritmo do filme o limita e gera um defeito.
Cada um dos produtores tem sua história. Jonathan Blow já era um veterano na indústria quando largou o emprego e foi desenvolver seu jogo artístico. A dupla Edmund e Tommy fizeram Meat Boy em flash para ser jogado em browser. O joguinho foi um sucesso e chamou a atenção para sua versão paga, cuja qual o filme acompanha o desenvolvimento. Phil Fish criou um jogo que inovava ao misturar aspectos artísticos com a jogabilidade e seu Fez se tornou um dos jogos mais esperados dos últimos anos.
A príncipio somos apresentados aos jogos, porque eles chamaram a atenção da indústria e como eles inovam. Depois vemos a opinião dos criadores sobre as obras e o lugar delas no mercado e daí desenvolve para o sofrimento. É um filme sobre arte. Sobre pessoas sacrificando tudo o que têm para poderem se expressar. E também sobre os desafios que surgem no caminho.
Quando o filme chega ao final, a tensão é máxima. Super Meat Boy chegou ao seu dia de lançamento e os dois realizadores lidam com a pressão de maneira diferente. Enquanto isso, Phil Fish vai fazer uma das primeiras apresentações de Fez em uma feira e pode vir a ser processado porque seu ex-sócio ainda não assinou os termos para a divisão da empresa. Dos três realizadores nessa parte, simpatizamos imediatamente com Edmund. Ele tenta manter a calma e a sanidade. Tommy, seu parceiro, é uma pilha de nervos anti-social que fica culpando todo o mundo por tudo o que dá errado. Enquanto isso, vemos Fish desmoronando com cada problema que acontece na feira.
Em determinado ponto, os criadores explicam as analogias por trás de seus jogos. Super Meat Boy faz metáforas ao amor romântico, sobre a necessidade da mulher para o homem e sobre a divisão desse amor com os filhos. Fez é uma refêrencia a um homem que descobre que o mundo não é apenas o que ele conhece e precisa evoluir para se encontrar no universo. Braid é sobre um rapaz engomadinho buscando sua princesa, e aos poucos vai revelando que nem tudo é o que parece.
Indie Game: The Movie funciona muito bem. Leva o espectador para dentro daquelas situações. A identificação é instantânea. Torcemos para que os jogos sejam sucesso e para que tudo dê certo. O filme termina e eu quis ir direto para o computador para poder jogar aquelas obras. Recomendo para todos.
GERÔNIMOOOOOOOOO…