O nome original deste filme representa muito bem a ideologia por trás da produção. Olimpo caiu, tradução literal de Olympus has Fallen, deixa claro como os americanos vêm sua presidência. A Casa Branca é o Monte Olimpo. O presidente, seus secretários e chefes de departamentos são os deuses. E os Estados Unidos são a Grécia antiga, com seus heróis (semi-deuses) indestrutíveis. Pior é que o Gerard Butler sequer é americano.
A premissa é interessante. Terroristas norte coreanos (a ironia é de rachar o bico) tomam a Casa Branca com o presidente dentro. Os homens que constituem a defesa morrem durante o ataque. Um ex-agente afastado acaba sendo a única pessoa a chegar no local a tempo de entrar no edifício antes do isolamento.
Lembra alguma coisa? Se você pensou em Duro de Matar, ganhou um pontinho. O agente Mike Banning, vivido por Butler, precisa lidar com os terroristas sozinho tendo como comunicação com o exterior apenas um radinho. Eventualmente ele começa a conversar com o próprio líder dos terroristas, um deles consegue encontrá-lo e se passa por um refém perdido, um helicóptero cai no telhado do prédio. É claramente uma cópia de Duro de Matar.
Pode até parecer bom, mas não é. Enquanto Duro de Matar é divertidíssimo e bem desenvolvido, Invasão à Casa Branca é chatíssimo. Existem diversos motivos, mas vamos dar o principal logo de cara. O agente vivido por Butler nunca parece estar em perigo.
Enquanto John McLane vivia com medo e se ferindo dentro do Nakatomi Plaza, o agente Mike Banning está sempre pronto para enfrentar os terroristas. Eles parecem brinquedos diante dele. Morrem a tiros, esfaqueados, com os pescoços quebrados ou com combinações dos três. Cada terrorista que o John McLane encontra é um terror absurdo.
Eu não senti medo nenhuma vez pela vida dele. Não só por isso. Mas porque a construção até ali é boba. Numa hora acompanhamos a rotina de Banning como chefe de segurança da família perfeita do presidente. É tudo construído para vermos como o presidente é um homem maravilhoso, sem falhas. Daí ocorre um acidente e a mulher do presidente morre. O agente fica mais traumatizado que os sobreviventes da família protegida.
Meses depois o casamento de Banning está em apuros e ele foi afastado do cargo. Ocorre o incidente principal e ele é a última esperança dos Estados Unidos. Literalmente, o personagem diz com todas as palavras, “Eu sou sua última esperança.” É piegas, exageradamente patriota e faz o filme parecer estúpido.
Não fosse o bastante, o número de cenas melodramáticas mostrando a tragédia terrível que são os eventos do filme é de curar a insônia.
O Aaron Eckhart é um ator de carreira muito instável. Numa hora faz filmes ótimos como O Cavaleiro das Trevas, Obrigado por Fumar e Reencontrando a Felicidade. Na outra, faz Invasão do Mundo – Batalha de Los Angeles, O Pagamento e esse Invasão à Casa Branca. Em todos se esforça. Mas seu esforço é nulo quando tudo no filme ao seu redor não funciona. Até como o típico líder de bom coração desse filme ele tenta colocar uma interpretação com muita alma. Mas no melodrama que é a produção isso é bobagem.
O Gerard Butler está bem como o exército de um homem só que odeia terroristas e todos aqueles que ameaçam os Estados Unidos. O Morgan Freeman está abaixo do piloto automático. Parece que ele está com sono o filme inteiro. Mas o que mais incomoda é o elenco feminino.
Primeiro porque só existe para serem mulheres que apoiam os homens. O que não necessariamente me incomodaria. Incomoda mais mesmo pelas atrizes que o fazem. A Ashley Judd já foi a única refém a fugir de um assassino serial em Beijos que Matam, a mãe que vinga a perda do filho em Risco Duplo. Ela costumava ser uma atriz de papéis fortes. Aqui ela está terrível. Uma sobra no elenco só para tentar dar alguma carga dramática para os protagonistas.
A mesma coisa com a Radha Mitchell. Ela é linda, uma atriz excelente, e também foi a mulher a entrar e sair de Silent Hill no filme de 2006. Agora ela é a mulher que coloca pressão injustamente no nosso pobre herói trágico. Se fosse cortada do filme, não faria falta.
Invasão à Casa Branca é ofensivo em diversos níveis. Ofende Duro de Matar por ser uma cópia risível, ofende as mulheres, as nações que não são os Estados Unidos e a inteligência do espectador.
De qualidade, só a cena do ataque no começo. É uma cena de ação muito bem realizada, com uma boa condução. Apesar de algumas coisas absurdas, como dois pilotos de avião atirando na população apenas porque podem. Antoine Fuqua mostra mais uma vez que de ação ele entende. Infelizmente é só disso. Dia de Treinamento aparentemente foi pura sorte.
Se você gosta de assistir um filme apenas pela ação, assista. Se não, digita curta no youtube que você vai encontrar muita coisa melhor que vai gastar menos tempo de sua vida.
GERÔNIMOOOOOOO…
2 comentários em “Invasão à Casa Branca”