Invasão Zumbi entrou no rol dos filmes coreanos que tomaram o mundo de surpresa desde que o cinema da Coreia do Sul começou a chamar a atenção com Old Boy. Assim como o resto da produção local, o longa subvertia um gênero com um estilo melodramático e pessimista. E, com o sucesso, ele ganha uma continuação.
Quatro anos após os eventos de Invasão Zumbi, a Coreia do Sul foi abandonada e esquecida pelo resto do mundo. Os poucos coreanos que conseguiram sair do país vivem exilados e tratados mal, como o ex-militar Jung Seok (Dong-Won Gang). Ele recebe a chance de enriquecer, se voltar para a terra natal e recuperar um caminhão com U$ 20 milhões. Mas os zumbis e algumas pessoas ainda estão lá.
O diretor e roteirista do primeiro, Sang-ho Yeon, volta para este Invasão Zumbi 2. Ele abre mão do horror com doses de drama para uma aventura com ação que segue o estilo de diretores como John Carpenter, de Fuga de Nova York, e George Miller, de Mad Max. Mas a pegada continua com o mesmo melodrama da Coreia.
Referências para o apocalipse
Quando Jung Seok chega em terras coreanas, o céu é cinza, os prédios estão em ruínas, assim como as ruas e os carros abandonados nelas. Os poucos sobreviventes se escondem nas sombras e usam automóveis para se locomover sem que os zumbis os peguem. Invasão Zumbi 2 é, em estilo e em proposta, muito semelhante aos filmes citados de Miller e de Carpenter.
Como nas referências, Sang-ho Yeon usa o país pós-apocalíptico para retratar o que acontece com a sociedade e com a civilidade quando perdem os frágeis controles. Os zumbis são o que menos importa. São as pessoas e as escolhas que elas fazem em situações extremas que geram tensão e conflitos.
Entre eles, cenas intensas de ação e de suspense são tão bem trabalhadas quanto no primeiro Invasão Zumbi. Desde um jogo de aposta em que homens são colocados em um ringue para sobreviver por dois minutos contra dezenas de mortos contaminados, até momentos tensos em que um vilão perigoso aborda outros personagens.
Invasão Zumbi ou Mad Max?
O filme desanda, porém, quando imita o estilo de ação de Mad Max. Se as perseguições de George Miller são inspiradas e feitas com elaboradas filmagens com carros reais, Invasão Zumbi 2 vai diretamente para a opção completamente digital. As cidades, os carros e os céus são computação gráfica.
Cada efeito digital impressiona com o nível de fotorrealismo alcançado. Mas a física dos objetos digitais e as manobras que eles fazem fogem completamente do estilo proposto pela franquia. Desde o primeiro filme, Invasão Zumbi se vende como uma série de filmes verossímeis.
Nessas cenas de perseguição, os carros abandonados e maltratados do apocalipse são dirigidos por duas meninas que fazem coisas que nem profissionais fariam com carros esportivos com manutenção em dia. Poderia funcionar, como em Velozes e Furiosos, por exemplo, se o filme não se vendesse como um drama de ação sério.
Final de outro filme?
Esses problemas escalam nos últimos trinta ou vinte minutos de Invasão Zumbi, quando o grande clímax, claramente inspirado na última perseguição de Mad Max: Estrada da Fúria, começa. Com os absurdos físicos das acrobacias que ocorrem na tela, os carros e a cidade parecem mais um videogame que parte de um filme.
Até que o desfecho chega e uma série de reviravoltas ilógicas se atropelam. Pessoas que não tinham como estar em certo lugar aparecem de supetão. Uma trama paralela que servia de piada vira a solução. E, com cinco minutos para acabar, o protagonista se vê diante de um melodrama que poderia ser resolvido facilmente e responde um conflito pessoal que não o assolou durante a história inteira.
Parece que é o fim de outro filme com os mesmos atores encaixados de repente em Invasão Zumbi 2. Destoa, não é coerente e deixa uma impressão de que Sang-ho Yeon não sabia quais dos temas que aborda superficialmente deveria ser o principal. No entanto, até o terceiro ato, é um filme de suspense tenso e de qualidade.
Invasão Zumbi 2: Península
Prós
- Tecnicamente bem feito
- Bons momentos de suspense e ação
Contra
- Cenas de perseguição destoam do resto do filme
- Melodrama mal construído atrapalha o desfecho