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James Mangold, diretores de aluguel e visão artística

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Quando saiu a notícia de que o James Mangold substituiria o Darren Aronofsky como diretor do novo filme do Wolverine eu fiquei triste. Triste porque um dos gênios do cinema atual não iria botar sua mão com liberdade em uma grande franquia de super-heróis da Fox. Mas ao mesmo tempo não fiquei triste pela contratação de Mangold. Por diversos motivos.

Primeiro, Mangold entrou afirmando que daria sua abordagem ao material que o Aronofsky já havia criado para o filme. Era o primeiro passo correto. Segundo, ele infelizmente tem um status maluco de diretor de aluguel de Hollywood.

Vamos explicar então o que eu quero dizer com diretor de aluguel de Hollywood. Nos Estados Unidos, são tantas pessoas com formação técnica adequada para ser diretor que os estúdios começam a tratar essas pessoas de forma bastante industrial. Com a era dos independentes, esses diretores tiveram a oportunidade de apresentar suas visões mais autorais.

Daí eles já são divididos através da indústria. Alguns viram diretores de filmes “artísticos” que sempre concorrem ao Oscar. Nessa categoria entram Ang Lee, Tom Hooper, Ron Howard, Clint Eastwood e até o Ben Affleck. Seus filmes são bons, mas normalmente são muito comerciais. A ideia de vendê-los como indicados ao Oscar os faz ser quase tão rentáveis quanto os filmes do verão americano. Muitas vezes os filmes são ruins, como no caso de Os Miseráveis deste ano.

Outros diretores acabam entrando na área mais alternativa. Seus filmes são sempre aclamados, mas pouco reconhecidos. Era uma categoria na qual o Christopher Nolan e o Darren Aronosfsky se enquadravam quando ainda faziam filmes como Amnésia e Fonte da Vida. A Sofia Coppola ou certos diretores coreanos também se enquadram aqui.

Sobra o terceiro tipo. Os diretores comerciais. São diretores que são eficientes em fazer filmes, mas que na verdade não possuem diferencial na sua área. Existem aqueles diretores comerciais de comédia romântica, como o Garry Marshall. De comédia, um bom exemplo é o Shawn Levy (que está começando a mudar para ação). Os de ação podem ser representados pelo Louis Leterrier.

James Mangold é um diretor de apenas nove filmes, contando com Wolverine. Mas com apenas nove filmes ele já passou por todas os tipos de direção. Fez um “artístico oscarizável” com Johnny e June. Foi não vendável aclamado com Os Indomáveis. E fechava lacunas de estúdios com coisas comerciais sem destaque como Identidade, Kate & Leopold e o recente (e terrível) Encontro Explosivo.

Muita gente o viu apenas como diretor de aluguel. Mas é complicado pensar assim de qualquer um. Principalmente porque, se analisarmos os filmes de Mangold, veremos uma série de influências interessantes. Ele é um grande fã de filmes de faroeste, de filmes de samurai e de vários outros estilos mais aclamados antigamente. Implementa tudo em sua obra de maneira inteligente.

Fez Os Indomáveis quando ninguém mais acreditava em faroestes. No próprio DVD do filme ele diz que não queria glamourizar o gênero, mas usá-lo para contar o drama daqueles personagens. O resultado foi ser um dos pioneiros na revitalização dos cowboys. Ainda não vemos tantos filmes de bang-bang quanto eu gostaria, mas eles já são reconhecidos e ganham destaque como no remake de Bravura Indômita ou no Django do Tarantino.

Recentemente ele falou em uma entrevista que, ao fazer uma das grandes cenas de ação de Wolverine, precisou fazer um planejamento detalhado dos enquadramentos. E como o filme é uma produção de grande orçamento, ele teve a liberdade pra fazer o que quiser nas cenas. Poderia fazer a câmera atravessar paredes, vidros e todo o tipo de maluquice de construção de cena. Mas ele disse que fazer algo apenas porque está facilitado pelo orçamento anula o seu trabalho como diretor. Ao invés, precisa trabalhar a realidade que está construindo de forma mais cuidadosa. Com cortes e enquadramentos bem planejados.

Surpreende que alguém com a experiência dele ainda se mantenha humilde e faça filmes pensando no bem do filme e não em como o filme o ajuda.

Por isso mesmo fiquei satisfeito pela participação dele em Wolverine Imortal. O filme foi horroroso, mas a direção foi boa. Espero que Mangold continue com seus bons trabalhos.

 

GERÔNIMOOOOOOO…

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