Jersey Boys marca a estreia de Clint Eastwood na direção de musicais. Mais especificamente, na adaptação de um musical da Broadway para os cinemas. O original dos teatros, por sua vez, conta a história real do grupo The Four Seasons. O mais interessante é que Eastwood fez um filme não musical de uma peça musical.
A história acompanha a trajetória do grupo Jersey Boys desde a década de 1950 até o ano de 1990, quando se reuniram uma última vez para cantarem juntos. Começa com a união graças ao talento vocal de Frank Valli e acompanha, sob o olhar separado de cada um, os conflitos, a separação e a eventual reunião quando foram colocados no Hall da Fama do Rock’n Roll.
A peça se divide em quatro partes. Cada uma contada por um dos integrantes do conjunto. Mas Eastwood não se prende a essa construção. O roteiro de Marshall Brickman e Rick Elice ganha uma estrutura mais linear e clássica. Ainda assim, cada personagem assume a narrativa em partes separadas. Primeiro com Tommy DeVito, que sonha em sair de Nova Jersey a qualquer custo, seja através das artes ou do crime. Então ele treina o jovem Frank Valli pois percebe nele a chance de ter algum sucesso na música. Daí o ponto de vista muda para Bob Gaudio, que era o compositor e letrista. Gaudio não queria se envolver com o crime e sua personalidade se choca diretamente com a de Tommy. Principalmente porque os dois disputam pelo talento de Frank. Quando chega a hora da separação, o foco passa para o quarto integrante, Nick Massi, que percebe estar cansado dos dramas de um conjunto no qual é o participante que nunca recebe nenhuma atenção. Deste confronto para o final, o filme se foca em Frank.
Eastwood é um diretor do estilo clássico. Ele não tenta reinventar a roda com nenhum de seus filmes. Muito pelo contrário, ele mistura elementos típicos de filmes antigos com o ritmo acelerado moderno. As atuações remetem bastante aos estilos clássicos de filmagem. A entonação das falas, a forma como entram e saem dos enquadramentos. É algo que sempre merece ser notado em filmes do diretor.
Eastwood no set com o intérprete de Tommy.
O problema normalmente é o roteiro. Se as histórias do diretor são interessantes, elas são muito mal estruturadas. Esse problema sempre causa um tanto de cansaço através de suas projeções. Em Jersey Boys não existe um conflito principal. Começa sobre a união do grupo e logo no meio passa a ser sobre outro assunto completamente diferente. São dois filmes em um. Problema constante em filmes biográficos.
O elenco é formado quase todo por atores desconhecidos que garantem a boa qualidade das interpretações. Talvez seja porque Eastwood também é um excelente diretor de atores e tira sempre o melhor deles. O único nome famoso é o do veterano Christopher Walken, que rouba toda cena da qual faz parte, mesmo aquelas nas quais está apenas de pé assistindo outros atores soltando seus diálogos.
Jersey Boys é a história interessante de um banda influente para a música americana. Porém, nunca chega a envolver completamente com personagens que não são muito carismáticos ou identificáveis. Principalmente quando muda constantemente o foco entre eles. Ainda, um filme fraco do Clint Eastwood já é um bom filme.
ALLONS-YYYYYYYYYY…