Joy: O Nome do Sucesso é sobre a personagem real homônima, que possui uma grande criatividade para inventar aparatos. Com pais separados desde nova, ela acaba por desistir de vários sonhos, inclusive da faculdade. Casa, tem dois filhos e se divorcia, mas o ex-marido continua a viver sob o mesmo teto. Cheia de dívidas e encarregada de sustentar a família, Joy tem a ideia de criar um esfregão que pode ser torcido sem a pessoa molhar as mãos, além de ter a cabeça removível: o Miracle Mop. A partir da invenção, tenta construir um negócio lucrativo e colocar a vida de volta nos trilhos.
É mais uma história com uma família disfuncional, característica comum nas obras de David O. Russell (O Lado Bom da Vida, Trapaça), que fica por conta da direção e divide o roteiro com Annie Mumolo (Missão Madrinha de Casamento). Jennifer Lawrence é a protagonista do filme, que também tem a participação de Bradley Cooper, dupla que é frequentemente escalada pelo diretor. Como o ex-marido de Joy, o ator Édgar Ramírez; o pai, Robert De Niro; a mãe, Virginia Madsen; e Diane Ladd como a avó. Também participam a atriz italiana Isabella Rossellini e a dominicana Dascha Polanco.
O filme, que teve uma escolha infeliz para o subtítulo brasileiro, passa a lição um pouco clichê sobre não desistir dos sonhos. Desde os divórcios dos seus pais, Joy Mangano abandonou as metas e vontades que tinha, como a de criar várias coisas, para cuidar da casa. Ela acumula fracassos atrás de fracassos, mas se mantém persistente em alcançar objetivos maiores. É uma matriarca responsável por sustentar os filhos, o ex-marido, a mãe e a avó, além de ter que tolerar o pai, que acaba de voltar para casa. Ou seja, o roteiro não impressiona muito, apesar de passar boas reflexões.
Entre a irmã e o pai. Responsabilidades em excesso.
No entanto, o público facilmente adquire empatia por Joy. O ciclo vicioso de fracassos e humilhações é algo próximo da realidade de várias pessoas. Ademais, a personagem de Jennifer Lawrence tem de aturar inúmeros desaforos da família, que insiste em colocá-la para baixo. Mesmo assim, a inventora continua a cuidar dos familiares, com muito carinho, e a sustentá-los.
Um dos traços mais interessantes do longa-metragem é o fato de ter uma mulher como personagem principal. Além disso, Joy não participa de um romance e mostra-se autossuficiente. É mostrado o empreendedorismo feminino realizado por uma pessoa completamente comprometida em fazer com que o próprio trabalho atinja o sucesso. Filmes biográficos que abordam histórias sobre homens inventores não são incomuns, mas sobre inventoras é algo menos frequente. Contudo, Joy: O Nome do Sucesso não sai muito do ordinário de adaptações biográficas.
Virginia Madsen faz bem a mãe deprimida que passa os dias no próprio quarto, onde assiste novela quase o tempo todo. Diane Ladd é a avó que parece ser a única a acreditar no potencial da neta. Robert DeNiro trabalha bem o pai que tem uma relação esquisita com a filha, mas não convence muito com o par romântico, Isabella Rossellini, com quem tem um relacionamento mal construído. Bradley Cooper faz uma boa interpretação, mas não se destaca.
Lembranças de um casamento fadado.
O grande destaque é Jennifer Lawrence, que praticamente leva o filme nas próprias costas. O mais interessante do longa-metragem é justamente a atuação dela, que valeu o Globo de Ouro e concorre ao Oscar. A atriz convence nos momentos mais dramáticos, além de como empreendedora e matriarca. No entanto, ela é um pouco nova para interpretar uma personagem divorciada, com dois filhos e provavelmente na faixa dos 30 anos.
O novo longa-metragem de David O. Russell é mediano. Tem uma boa história, um bom elenco, uma trilha sonora interessante, mas nada marcante. É um filme propício para passar o tempo, contudo, não vai além disso. O principal reconhecimento da obra fica realmente por conta da atuação de Jennifer Lawrence. Aparece em um momento coerente, no qual a mulher ganha cada vez mais destaque no mercado cinematográfico e, por isso, tem sua importância.