Se você gosta de redes sociais e tem amigos que são muito fãs de cultura japonesa, provavelmente ouviu falar de Kimi no Na Wa. Também conhecido como Your Name, este longa de animação foi um dos maiores sucessos da história recente do cinema do Japão.
Ele conta a história de Mitsuha Miyamizu (voz de Mone Kamishiraishi), uma adolescente que vive em uma cidade de interior do Japão, que sonha todas as noites que vive a vida de Taki Tachibana (voz de Ryûnosuke Kamiki), um jovem da mesma idade dela, que mora em Tóquio. Aos poucos, ela percebe que está perdendo dias da vida e que Taki não é apenas um sonho, mas um garoto que troca de corpo com ela dia sim, dia não.
Com essa sinopse básica, a impressão é que se trata de um filme típico de troca de corpos como Um Dia Muito Louco, de 1976, em que uma Jodie Foster adolescente troca de corpo com a mãe. Mas a premissa não se resume a isso. Não é apenas uma comédia de situação sobre duas pessoas que precisam viver a vida um do outro. Infelizmente, dizer tudo sobre o que a trama trata já é dizer demais.
Com cerca de uma hora de duração, a condição dos dois toma uma reviravolta. À medida em que se descobre mais e mais sobre o que acontece, fica claro que eles não trocaram de corpo por coincidência. Existem duas razões principais, uma da trama e outra para o desenvolvimento dos personagens principais.
O que requer um roteiro equilibrado, porque tanto a trama principal deve prender o espectador, como os personagens têm que ser empáticos o suficiente para que seja possível torcer pela felicidade deles. E essa é a parte mais interessante de Kimi no Na wa: não importa para onde a trama conduza, o interesse de Makoto Shinkai, diretor e roteirista, é desenvolver os protagonistas. E quem assiste fica emocionado com eles.
Em grande parte porque os dois são divertidos, mas também por terem personalidades distintas que criam interações interessantes. Eles são pessoas introspectivas, mas ficam mais seguros quando trocam de corpo porque não é a vida deles, o que movimenta as situações. Ela se torna mais atraente para os garotos, assim como ele chama a atenção da garota por quem tinha interesse. Ao mesmo tempo, a falta de cuidado quando mudam também incomoda a ambos.
Shinkai usa do melhor que a tecnologia pode oferecer para fazer a animação. Coloca camadas de objetos desenhados para dar noção de profundidade. A estética de animes domina, por mais que o filme não recorra a atalhos, como desenhos estáticos em que apenas a boca se move. Cada cena é completamente animada, o que faz com que ele não seja, de fato, um anime.
Kimi no Na wa ganha justamente por não seguir estruturas fáceis que o Ocidente normalmente escolheria. Com imagens belas e bem feitas, uma história que não é necessariamente complexa, mas cheia de reviravoltas que prendem a atenção, faz com que o espectador torça pela alegria dos personagens, como poucos filmes conseguem.