Continuação de um dos maiores sucessos de animação dos estúdios Dreamworks, Kung Fu Panda 2 seguia a máxima de continuações ao extremo: Tudo o que fez sucesso no original ganha maior escala para compensar a falta de necessidade de criar uma origem. A fórmula pode tanto render um grande êxito como se provar um erro retundante. Mas em um filme sobre piadas de gordos, imagens bonitas e ação para crianças deve estar certo na escolha, certo?
Após a descoberta de que é estar em paz e equilíbrio com os próprios defeitos que o torna bom em kung fu, Po (voz do Jack Black) se torna o grande representante do templo junto com os alunos anteriores, os cinco furiosos. Um filho dos representantes da dinastia atual, lorde Shen (voz do Gary Oldman) retorna do exílio ao descobrir um método para derrotar qualquer técnica de kung fu. Shen também é a chave para descobrir por quê Po é o último panda.
Kung Fu Panda é um filme de roteiro linear e redondo com uma história simples, mas representativa de uma cultura tanto fílmica quanto completa de um país. A jornada de Po era também um complexo de lições acerca de filosofias shaolin e budista. Isso com uma lado sensível que discorre sobre identidade pessoal relacionada a temas sobre paternidade. Tudo isso continua nesta continuação, mas o enfoque principal do segundo capítulo da trilogia ficou todo no humor voltado especificamente para crianças.
Os roteiristas Jonathan Aibel e Glenn Berger fazem o melhor para construir a trama acerca das verdadeiras origens de Po. Revelam aos poucos os traumas de infância de Po ao mesmo tempo em que criam um desenvolvimento em paralelo com traumas do antagonista Shen. Não existe muita originalidade nesse conceito através da franquia. Os três inimigos dos três filmes são vilões do passado que retornam e apenas servem de escala para o desenvolvimento do protagonista. Todos os níveis de história são iguais e até a duração e o ritmo se repetem.
Ao mesmo tempo em que a originalidade se perde, as qualidades se repetem também. Os personagens bem fundamentados, a beleza típica dos visuais chineses, as lições ricas. Porém, dos três filmes, o 2 é o mais fraco. Justamente porque a diretora Jennifer Yuh, no debute no cargo, também resolveu dar espaço de sobra para que os comediantes que fazem parte do elenco ficassem soltos para contar piadas a rodo. Ao mesmo tempo, deixa de lado as graciosas e ricas animações baseadas nas artes marciais que dão nome à série para sequências de ação e montagens fora de lugar que estragam todo o ritmo da obra.
Só com uma hora de duração, o roteiro passa a ser seguido de maneira mais ordenada e a história de Po ganha força e reacerta o tom. É quando o panda encontra paz com o passado em uma cena belíssima sobre o sacrifício da mãe dele. Tão bem dirigido, o momento se destaca entre as cenas de grande qualidade imagética da trilogia.
Kung Fu Panda 2, infelizmente, não é um representante da qualidade dos filmes da trilogia. Os primeiros sessenta minutos sem foco são os piores trechos das enxutas quatro horas e meia que compõem toda a série. Por sorte, os últimos trinta minutos são também algumas das partes mais bonitas. Não arruína o nome Kung Fu Panda, mas dá uma chacoalhada complicada.
GERÔNIMOOOOOOOOOO…