“Até quando vai a adolescência dos homens?”, pergunta Lupe (Prandi). Esse questionamento sintetiza bem a trama em que está inserido. Quando dois melhores amigos pegam a estrada em um Opala amarelo rumo a Buenos Aires, com o objetivo de “pegar” mulheres argentinas, é difícil não pensar em maturidade. O motivo é que um deles foi traído pela namorada de longa data, mas, ainda assim, será que justifica e acrescenta algo?
La Vingança é um filme com direção de Fernando Fraiha. Já o texto foi feito colaborativamente entre Pedro Aguilera, Thiago Dottori, Jiddu Pinheiro, Josefina Trotta e o próprio diretor. O longa-metragem é estrelado pelos brasileiros Felipe Rocha, Daniel Furlan e Leandra Leal e os argentinos Adrián Navarro, Ana Pauls e Aylin Prandi.
O título do filme já é uma brincadeira com o enredo e a produção, feita colaborativamente entre Brasil e Argentina. A narrativa trata justamente sobre a lendária rivalidade que foi construída entre os dois países. E, nesse viés, o que poderia parecer extremamente bobo e exagerado dá certo em La Vingança.
Tanto os atores argentinos quanto os brasileiros estão muito bons no longa-metragem. Felipe Rocha convence bem como o sofrido e sem rumo Caco, ao passar a maior parte do filme com expressões de tristeza e decepção. Vadão, personagem de Daniel Furlan, é o típico amigo retardado que o público muitas vezes fica irritado, mas não consegue desgostar de verdade e acaba por criar certo carinho e rir das piadas dele. Ana Pauls marca presença e diverte, e Aylin Prandi chama a atenção – apesar de aparecer pouco – como a pessoa mais coerente da trama. Facundo (Navarro) dá raiva sempre que aparece, o que prova que fez um bom trabalho.
Apesar de se tratar de um tipo de personagem recorrente nas produções, Vadão é realmente divertido e tem falas fantásticas. Ele é o principal responsável pelos comentários que reafirmam a rivalidade brasileira e argentina, como referências futebolísticas, que ocasionam risadas no público. O personagem é o grande adulto-adolescente de La Vingança, que se recusa a ter envolvimentos mais profundos e pensa que uma vida de pegação é uma das únicas coisas importantes na vida. Fica claro que Daniel Furlan improvisou em alguns momentos, o que acrescentou positivamente ao filme.
É interessante perceber o quanto Vadão e Caco são diferentes e, ainda assim, se entendem e se fazem bem. É fácil se pegar “tomando o lado” de um deles e ficando com raiva do outro. No entanto, o carinho entre os melhores amigos é nítido e encanta.
La Vingança é uma coprodução boa e bem feita. Não só faz rir (na maior parte do tempo), como também pode levar lágrimas aos olhos e estimular reflexões. A fotografia impressiona e é um dos pontos de destaque. O filme é um road movie divertido que merece, sim, ser assistido.