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Por algum motivo, alguém teve a ideia de fazer filmes com base nos brinquedos antigos da marca LEGO. Se era surpresa fazer uma arte inteiramente sobre joguinhos de montar, foi ainda mais surpreendente que Uma Aventura LEGO fosse bom. E como a estrela coadjuvante Batman roubou a cena, chegou a vez do personagem dessa versão ganhar o voo solo.
O Batman (voz do Will Arnett) aqui não é específico de uma ou outra leitura séria do herói. Muito pelo contrário, ele é quase uma entidade que viveu todas as versões. A ponto de até reconhecer que tem 78 anos (ele apareceu pela primeira vez em 1939). Após Barbara Gordon (voz da Rosario Dawson) assumir o cargo de comissária, ela questiona o valor do vigilante para a cidade. Ao mesmo tempo, ele precisa lidar com o jovem Dick Grayson (voz do Michael Cera), que adotou por acidente, enquanto o Coringa (voz do Zach Galifianakis) tenta provar que os dois têm uma relação de amor e ódio.
Com este, o Batman tem o nome nos títulos de dez filmes. E de todos, a versão LEGO é a que talvez melhor entenda o que é o personagem. Não é apenas um homem que alcançou a perfeição física e mental, ou um vigilante perfeito, ou um herói sombrio que ganha carisma por ser violento na forma como pune. O filme reconhece que é ridículo um ser humano se vestir de morcego e sair nas ruas para qualquer motivo que seja. Mas vai ainda além ao questionar o vigilantismo contra a lei que ele pratica.
Por se tratar de um filme da franquia LEGO, não é preciso levar nada a sério. O que também dá liberdade pra zombar de inúmeras incoerências do Batman, como colocar um órfão menor de idade para enfrentar criminosos ou ser um milionário que espanca pessoas pobres pela noite. E a equipe de cinco roteiristas sabe disso, por isso não se preocupa em ir além de uma estrutura clássica de roteiro em cinco atos bem feita. O importante é fazer rir e passar uma mensagem sobre heroísmo e solidão, tal qual o filme LEGO original.
O humor surge de lembranças do histórico do Batman, como zombarias com a série clássica da década de 1960. Em certo ponto, Alfred (voz do Ralph Fiennes) questiona o seriado do Adam West e os exageros de conflitos de Batman Vs Superman: Origem da Justiça. O resultado é uma crítica ao que o personagem sempre foi. Desde o óbvio até o mais sutil, o fato de que ele é um homem que assume a responsabilidade de salvar o mundo para si mesmo.
Funciona muito bem. Mesmo que o diretor Chris McKay, acostumado com animações de esquetes para a TV, faça com que o ritmo seja mais acelerado do que é necessário. O filme é quase vertiginoso e não é convidativo para quem conhece pouco sobre as mitologias do herói. Como o bom texto compensa, as discussões podem ser compreendidas por crianças e pais não entendidos sobre o Batman.
A parte técnica é igual à de Uma Aventura LEGO. O mundo feito dos tijolinhos multicoloridos é simulado em uma computação gráfica tão verossímil que parece mesmo que os personagens e o universo é feito de plástico. Para enriquecer nesse sentido, a animação tem quebra no número de frames para parecer que os bonecos foram animados em stop-motion. Além disso tudo, a filmagem é feita com planos profundos, como se uma câmera estivesse filmando com uma lente macro brinquedos e cenários minúsculos. O resultado visual é impressionante.
LEGO Batman – O Filme mantém o nível de qualidade de Uma Aventura LEGO. Os realizadores sabem e demonstram que não é pra levar a sério uma produção sobre brinquedos e fazem piada de tudo sem deixar de fazer questionamentos válidos e passar mensagens atuais e interessantes para crianças.
Eu acho que é um dos melhores filmes que estreou porque é super divertido e isso me fez rir!! Alguns filmes de Chris Mckay geraram polêmica ou receberam bastante crítica e verdadeiros êxitos, acho que a chave é o profissionalismo que tem e além de cuidar de cada detalhe, minha preferida é Lego Batman, Já estou esperando o seu próximo projeto, seguro será um êxito.