Livrai-nos do Mal reservava alguma promessa de qualidade por conta do diretor Scott Derrickson e do ator Eric Bana. Os dois tem um histórico no cinema que já passou por coisas muito ruins e por outras muito boas. Um deles fez um dos filmes de exorcismos mais legais, O Exorcismo de Emily Rose. Havia potencial.
Sarchie (Bana) é um policial que investiga três crimes que ocorreram na mesma região e descobre que todos estão interligados. Quanto mais se aprofunda no mistério, mais percebe que as causas dos envolvidos são sobrenaturais.
Filme de terror que, supostamente, é inspirado em fatos reais. Nada de grandes discussões, reflexões ou sentimentos complexos. O que Derrickson quer aqui é fazer um desses filmes de terror que estão na moda atualmente. Pesquisar a tal história real com certeza vai levar à descoberta de que os eventos não foram tão explícitos quanto no filme. É só para ser um terror divertido e passageiro.
O roteiro do filme é cheio de falhas. O filme nunca esquece de nenhum personagem e detalhe importante para a trama. O problema se encontra nos estereótipos para preencher as lacunas dos personagens. O protagonista é um cara sofrido com um segredo terrível no passado que o corrói por dentro, o parceiro dele é um cara metido e engraçadão que não deixa de parecer um babaca por saber lutar bem. Até os seres de outro mundo por trás dos eventos são clichês que não apresentam nenhuma novidade.
Uma criança com brinquedos macabros. O que será que vai acontecer?
Cada cena de tensão não se permite construir o suspense e sempre fecha com um susto fácil e óbvio normalmente provocado por algum barulho estridente que não faz parte de nada que acontece em cena. Toda cena de terror do filme se resume a isso, menos quando o filme já revela onde estão os perigos. Daí vira só uma cena de ação mal feita. Detalhes que revelam um diretor preguiçoso que se preocupa mais em distrações rápidas que em construir uma ambientação.
Os dramas pessoais de cada personagem são muito rasos e não criam empatia por ninguém. Grande parte dos momentos em que eles se aprofundam nas dificuldades de relacionamento ou seus problemas passados são apenas cansativos. As tramas paralelas levam a um final que deveria ser climático, mas é apenas mais uma cena de exorcismo comum. Como todas as várias cenas de exorcismo que viraram item comum em qualquer filme de possessão demoníaca recente.
A fotografia se resume a uma saturação baixa para ficar com uma ambientação mais escura. Fica, no máximo, monocromático e inexpressivo. Já a direção de arte é impressionante. Tudo parece de verdade. Em uma cena, os policiais encontram um gato crucificado. Mesmo sabendo que é um boneco, o diabo do troço parece um felino de verdade.
Édgar Ramírez e Eric Bana. Nem os bons atores salvam o filme.
Eric Bana se esforça muito, como sempre, mas o texto é tão ruim que nem ele consegue entregar alguma naturalidade para o personagem ou para o filme. O Édgar Ramírez se entrega ao drama de um padre que pecou muito no passado, mas sofre do mesmo mal que Bana, o texto. A Olivia Munn tá ali, linda como sempre, em um papel cretino. Depois do que já a vi fazer em The Newsroom, ela merecia mais. Por algum motivo, alguém resolveu colocar o Joel McHale, de Community em um filme de terror. Como em grande número dos casos, é quase um prazer quando ele se dá mal em uma parte do filme.
Livrai-nos do Mal deveria ser um nome literal. Que alguém venha e nos livre do mal que é este filme. No entanto, é divertidíssimo para se ver com amigos e, talvez, bêbado. Tirando isso, nunca deveria ter sido realizado.
GERÔNIMOOOOOOO…
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