Assim como a outra estreia nacional da semana, Greta, Luna também toca na temática LGBTQIAP+, mas é muito mais que isso. No primeiro longa-metragem que dirige solo, Cris Azzi se propõe a abordar assuntos como bullying, suicídio, sororidade, relação entre mãe e filha, amadurecimento, a ligação da mulher com o próprio corpo e empoderamento.
Tudo começa com a gravação de uma despedida que deixa clara a intenção de suicídio, após a exposição de um vídeo íntimo da protagonista Luana (Eduarda Fernandes) nas redes sociais. A partir daí, a montagem não-linear retorna no tempo para mostrar os acontecimentos que a levaram àquilo, tendo como base o início da amizade com a personagem Emília (Ana Clara Ligeiro).
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Enquanto Luana vive em uma região menos abastada de Belo Horizonte (MG), Emília mora em uma casa luxuosa, praticamente sem supervisão dos pais. Essa diferença de realidade é um dos primeiros passos para a mudança da protagonista, que começa a se permitir novas experiências, como a utilização de uma plataforma anônima de chat em vídeo em que as pessoas conversam com outras escolhidas de forma aleatória, no estilo Chatroulette e Omegle – tão utilizadas no fim dos anos 2000.
Outro ponto importante para a construção da personagem é a relação que tem com a mãe (Lira Ribas), que, sem a ajuda do pai da menina, trabalha muito para conseguir criá-la adequadamente. Apesar da constante ausência, as duas são muito próximas e confidentes.
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Apesar de algumas falhas no roteiro, também feito por Azzi, e atuações que não se destacam (com exceção de Eduarda Fernandes), Luna acerta em grande parte dos importantes assuntos abordados, como a difícil fase que é o ensino médio. Em uma cena, se utiliza de recursos cinematográficos diferentes dos apresentados até então e mostra de forma artística a ligação da personagem principal com a natureza, o que é um dos pontos altos da trama.
O novo filme é claramente político – inclusive, já no início, mostra um momento em sala de aula em que professor e alunos discutem sobre o impeachment de Dilma Rousseff, mas tocar nesse ponto não é de forma alguma o foco. São as descobertas sexuais e a conexão com o corpo que têm as representações mais interessantes na produção. Depois de 90 minutos de muita crítica social, a cena pós-créditos é que deixa o maior ensinamento: a importância da sororidade.