A produtora Blumhouse se tornou um sinônimo de produções de horror de qualidade no cinema recente. Entre seus títulos estão sucessos como Corra! e Fragmentado. Mesmo que o estúdio tenha alguns erros no caminho, vê-lo relacionado com nomes como Octavia Spencer chama a atenção de imediato.
Aqui, a atriz interpreta Sue Ann, carinhosamente apelidada de Ma por um grupo de adolescentes que pede a ajuda dela para conseguir bebida alcoólica. O quinteto de jovens a faz lembrar da própria adolescência, e despertam nela desejos reprimidos que podem levar a caminhos tortuosos e sangrentos.
É assim que o diretor Tate Taylor e o roteirista Scotty Landes abordam o suspense em uma trama que remete aos filmes de horror da década de 1980. Enquanto a novata na cidade, Maggie (Diana Silvers), tenta se enturmar com o grupo para se aproximar de Andy (Corey Fogelmanis), um garoto com quem imediatamente começa a flertar, os realizadores constroem situações estranhas que, cada vez mais, conduzem a um clímax.
Também acrescentam a essa ambientação uma trilha sonora de baladas que, aos poucos, são substituídas por toques de sintetizadores. A música eletrônica tem mais presença quando a deturpação das coisas piora. E Taylor dirige sem pesar na estética de terror. Muito pelo contrário, ele parece estar mais interessado em fazer com que a cidade de interior se imponha sobre os enquadramentos.
Assim como é explicado para Maggie logo no começo, não tem nada para adolescentes fazerem, então o espaço que Ma dá para os jovens locais vira quase uma fuga da rotina e da realidade. Antes, para se divertirem, precisavam ir para edificações abandonadas com restos de fábricas e usinas na distância. Ao mesmo tempo, a vida dos cidadãos adultos parece circular ao redor de um cassino próximo.
Nesse terreno quase esquecido pela civilização, Ma consegue o tempo e o espaço para tocar um plano relacionado com os adolescentes e os pais deles, com quem ela estudou na juventude. Essa coincidência soma, aos poucos, com outras tantas que se ultrapassam a barreira da lógica e chegam ao conveniente.
Ninguém parece perceber que é muita coincidência que, de tanta gente, Maggie se envolveu justamente com filhos de duas pessoas com quem a mãe divide uma história sinistra da adolescência. E mesmo a garota, que parece ser inteligente suficiente para notar as estranhezas que se somam acerca de Ma, esquece tudo nas próximas cenas. No clímax do filme, chega a ser absurdo que ela tome algumas das escolhas que conduzem ao final.
Nada disso importa, porém, quando o filme chega ao clímax, e Ma reage aos encontros com um antigo amor de infância e uma rival maldosa. Taylor não tem medo de mostrar nudez frontal e violência física com direito a distorções corporais e sangue. Ajuda muito ter a Octavia Spencer no papel da vilã protagonista. A atriz consegue carregar intensidade por trás de cada sorriso falso da personagem. E rouba a cena da protagonista adolescente, que não tem nenhuma personalidade além de gostar de um garoto.
Taylor consegue fazer um suspense eficiente com uma construção cuidadosa. Tão cuidadosa, que se torna lenta. Ma diverte, deixa tenso e envolve, mas remove o espectador da trama frequentemente com as incoerências e os conveniente. O final satisfaz a espera, e assim como ele é rápido, o filme será esquecido em pouco tempo depois que as luzes se acenderem no fim da sessão.