O Max maluco tomou o mundo de surpresa. A produção independente da Austrália era violenta como nada havia sido até então. O protagonista, interpretado por um jovem e desconhecido Mel Gibson, tinha um sotaque australiano tão carregado que precisou ser dublado nos Estados Unidos. A história do policial que se transforma em um assassino/sobrevivente dos desertos pós-apocalípticos era brutal e crua. Mas não se comparava à sua ótima continuação.
Após o massacre de sua família e de sua vingança, Max viaja pela Austrália sempre pechinchando combustível e tentando seguir adiante. Um dia ele encontra uma pequena comunidade produtora do líquido que vive sitiada por uma gangue.
George Miller, o diretor da trilogia clássica do Guerreiro das Estradas, estava fascinado com o livro O Herói de Mil Faces e decidiu criar seu próprio personagem de jornada clássica. Os três filmes seguem as regras propostas por Joseph Campbell à risca. Mas eu gosto especificamente da jornada de Max entre todos os exemplos que se encaixam no ciclo descrito no livro.
O motivo principal é que Max, ao contrário de Luke Skywalker, Harry Potter e Frodo, termina seu ciclo virando não um herói, mas um vigilante. Dos mais violentos e despreocupado com as pessoas. No primeiro filme ele praticamente é o único sobrevivente da história. Do segundo em diante, os conflitos o transformam sempre em um homem lendário e não necessariamente bom.
O que fez da série tão popular é o contexto e a construção do mesmo. Ninguém esperava um mundo pós-apocalíptico no qual as pessoas vivem em busca de transporte e combustível. Onde as roupas e visuais remetem a sadomasoquismo e as batalhas sempre terminam em perseguições gigantescas.
Miller é bem inventivo com tudo isso. Vilões com relacionamentos claramente homossexuais, roupas que revelam mais do deveriam e muito couro. Não há problema em mostrar estupros e mortes brutais. Apesar de o filme estar um pouco datado, com direito a alguns cortes estranhos e efeitos terrivelmente mal realizados. Ainda assim, diante da plasticidade do recente O Hobbit, o filme parece a coisa mais realista do mundo.
Dos três filmes, o segundo é o mais equilibrado, sem querer ir longe demais na trama. Se mantém simples e, dentro dessa simplicidade, conta o que precisa ser contado.
A sequência de ação do clímax é enorme e impressiona. Principalmente considerando a escassez técnica do período.
Enfim, um grande filme de ação e ficção pós-apocalíptica. Está um pouco datado, mas é um dos grandes representantes da jornada do herói. Infelizmente tem um primeiro e um terceiro filmes que não são muito bons.
FANTASTIC…