Nova produção de David Cronenberg, Mapas para as Estrelas é um filme difícil. Nada realmente diferente da obra do diretor. Humor negro para criticar as hipocrisias da sociedade de consumo, violência próxima do explícito, grandes atores e muita tragédia.
Agatha (Wasikowska) chega em Hollywood em busca da famíla. Consegue emprego como assistente da celebridade Havana Segrand (Moore) e começa um flerte com o ator/motorista de limusine Jerome (Pattinson). Enquanto isso, Benjie Weiss (Bird) é um ator de 13 anos que passa por reabilitação e é forçado por sua mãe, Christina (Williams), a aceitar fazer parte de uma continuação da franquia que lhe deu sucesso. O pai de Benjie, o doutor Stafford (Cusack), também é famoso graças a livros de auto-ajuda e terapia para famosos.
John Cusack. Auto-ajuda para celebridades.
O roteirista do filme, Bruce Wagner, desenvolve as histórias pessoais de cada um desses personagens paralelamente para chegar ao ápice da tragédia. Existe um mistério que liga grande parte deles e, à medida em que ele é revelado, cada um encontra seu final. A cada tentativa de revelar a capacidade de estrelato, Wagner coloca os personagens mais próximos de uma figura humana. Quando Havana finalmente consegue o papel que pode levá-la a confrontar a figura pública da mãe, ela se solta e acha que está em total controle. A cena, entretanto, é dela defecando. Havana se considera edificante, mas não passa de uma pessoa normal. Ao mesmo tempo, a crueldade de que os personagens são capazes para manter a fama ou a riqueza os desumaniza. Restam apenas essas pessoas pequenas e terríveis. Os diálogos fortalecem a sensação de naturalidade, diferente das falas grandiosas que os filmes criam para construir realidades. O mundo das “estrelas” é, na verdade, o mundo de gente comum.
Criança em mundo de falsidades.
Cronenberg coloca trilha sonora apenas nos momentos em que os personagens estão próximos de algum tipo de surto. É quando eles saem daquela realidade na qual estão presos e realmente se distinguem das outras pessoas. A música assume a fantasia dos momentos. O diretor nunca deixa as câmeras baixas, o que impede os personagens de parecerem grandes. Infelizmente, ele não sabe trabalhar com efeitos especiais digitais. Próximo ao final, quando as tragédias que fecham a história se desenrolam, ele coloca uma cena de fogo em computação gráfica vergonhosa. Para piorar, a montagem e a seleção de take dos atores que interagem com as chamas caem no humor involuntário. A cena quebra o fechamento do final, que deveria ser trágico, mas perde o tom.
Wasikowska. Especialista em papéis com perturbações.
Julianne Moore rouba o filme. Interpreta Havana como uma mulher com problemas maternos sérios, que não desenvolveu a maturidade e age como uma adolescente metida. Mia Wasikowska é sempre ótima como jovem com distúrbios psicológicos. O olhar de alguém perdido no meio da loucura de egos é sincero e faz parecer com que uma garota com problemas mentais é mais humana que aquela gente. Evan Bird assume um papel difícil para um adolescente. Em meio aos diversos palavrões e diálogos sobre sexo e drogas, ele representa bem as angústias de uma criança que passa por coisas que adultos não seriam capazes de enfrentar. Robert Pattinson não acrescenta, nem compromete. Olivia Williams até desenvolve bem a mãe que trabalha insensibilidade para esconder as diversas loucuras da família, mas a conclusão da personagem é tão mal realizada que arruína a presença da atriz. John Cusack sustenta a participação, mas não faz diferença.
Ao final, é preciso rir para não chorar, porque as representações de Mapas para as Estrelas é a de pessoas que recebem a adoração de todo mundo. Não são apenas pessoas que se tornam doentias, mas pessoas que a sociedade coloca nessas condições.
FANTASTIC…
Estou bem curiosa para assistir esse filme.