Uma das boas surpresas da última edição do Cineme-se à qual eu compareci, Meu Amigo Nietzsche chamou mais atenção que outras pérolas muito mais bem realizadas que foram exibidas. O motivo é bem simples, o texto é espetacular. Pura e simplesmente. O próprio nome do filme dá a dica da qualidade do texto.
Menino que vive em uma comunidade com baixa renda encontra uma edição do livro Assim Falava Zaratustra e resolve lê-lo para aprimorar suas capacidades de leitura e interpretação de texto.
Ideia fascinante para uma história. Enquanto o menino tem problemas com leitura, todas as pessoas crescidas ao seu redor tem um problema sério de ignorância. Inclusive sua professora. O texto de Nietzsche interessa ao garoto inicialmente por conta das vezes em que a expressão Super Homem aparece. Eventualmente, o livro inicia uma nova forma de pensamento.
A premissa vai servir para duas coisas. Primeiro para a comédia de situações e depois para a reflexão sobre educação, ignorância cultural e até preconceito. Numa das cenas mais hilariantes do curta, o menino lê que Deus está morto. Logo em seguida pergunta para a mãe sobre o assunto. As repercussões fazem rir e já demonstram como a ignorância pode atrapalhar algum tipo de evolução do pensamento.
Passando as ideias de Niezstche para os colegas. Reflexões que mudam a sociedade.
Seguindo este raciocínio fica bem óbvio que o curta é cínico e bem distante da descrição de moralista. O moralismo aqui é representado pela religião. O medo da mãe de que as palavras de Nietzsche que saem da boca do filho sejam do diabo revela a reflexão de que a religião é trava para a evolução do pensamento humano. Pode ser bastante radical ou panfletário, mas é uma reflexão com a qual concordo. Por isso mesmo recomendo fortemente assistir ao curta.
Em termos de cinematografia, o filme não tem nada demais. Porém, o texto é tão excelente que sobrepõe os valores técnicos. Uma grande obra de raciocínio. Para vê-la, clique no play abaixo. [vimeo=https://vimeo.com/79532028]
GERÔNIMOOOOOOOO…