Crítica por Marcela Rodrigues
Um dos grandes concorrentes da premiação do Oscar 2021, com seis indicações, Meu Pai faz por merecer todo esse reconhecimento. O filme conta a história de Anthony (Anthony Hopkins), um idoso com idade avançada que não aceita conviver com nenhuma das cuidadoras que a filha Anne (Olivia Colman) contrata. Porém, quando ela o informa que pretende se mudar para Paris com o novo namorado, tudo parece mudar.
Nos primeiros 11 minutos, toda essa dinâmica familiar complicada é entendida. De um lado temos uma filha muito preocupada em encontrar alguém para não deixar seu pai sozinho, e do outro, o progenitor que diz não precisar de ninguém já que vive assim há bastante tempo. Em seguida, Anthony se depara com um homem e uma mulher desconhecidos vivendo em sua casa e agindo como se não estivesse acontecendo nada.
Doença ou mistério
Assustado, ele questiona quem são aquelas pessoas e se depara com a mulher afirmando que é Anne, sua filha, fazendo até o espectador ficar confuso. E é assim que se embarca em Meu Pai. A direção de Florian Zeller faz questionar: seria isso o mundo através da demência de Anthony, ou será algum tipo de golpe que estão armando para ele?
Tudo em Meu Pai faz o espectador ficar tão confuso quanto seu personagem principal. O apartamento de Anthony, onde quase toda a trama se desenrola, a troca constante de atores para os mesmos personagens, e esses, usando sempre os mesmos figurinos nas mesmas situações cotidianas que se repetem constantemente.
Como na pergunta frequente de Anthony sobre onde está o relógio dele, e Anne comprando um frango para o jantar. Todos esses fatores fazem com que quem assiste não tenha certeza se está presenciando mais um novo dia da vida de Anthony ou algo que ocorreu há 10 anos. O tempo cronológico parece não existir.
Destaque nas interpretações
O mais surpreendente foi ver a performance de Anthony Hopkins. O último trabalho notório dele foi em Dois Papas (2019) e, apesar de também interpretar um idoso debilitado, a atuação em Meu Pai chama atenção pela forma com que conseguiu parecer não só uma pessoa de idade avançada, mas também frágil e perdida no seu mundo particular.
Olivia Colman é outra que não deixa a desejar com sua interpretação de uma filha preocupada com o pai, mas que também se sente presa por ele ser tão dependente dela.
Meu Pai já está disponível para compra no NOW, na iTunes e no Google Play, e para aluguel na SKY Play e na Vivo Play. A distribuidora California Filmes também não descarta a possibilidade de lançar o filme nas salas de cinemas. Seja como for, não deixe de conferir essa grande aposta para a premiação da academia.
Meu Pai (2020)
Prós
- Nova perspectiva sobre demência
- Interpretações
Contra
- Desordem proposital pode deixar filme confuso demais
Excelente crítica! Fiquei ainda mais ansiosa por ver o filme!