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Minha Mãe É Uma Peça 3 (2019)

Por Jade Abreu

Dona Hermínia (Paulo Gustavo) está de volta para os cinemas nacionais. O filme Minha Mãe é Uma Peça 3 repete a fórmula usada nas duas versões anteriores e é uma comédia leve e divertida. Dessa vez, a protagonista tem que lidar com o envelhecimento e a solidão, já que os filhos estão seguindo com a vida, Juliano (Rodrigo Pandolfo) vai se casar e Marcelina (Mariana Xavier) está grávida.

É bom ver um filme que tem como o mote as dificuldades da terceira idade. Dona Hermínia está completamente entediada e ela faz questão de ressaltar esse sentimento, como mostra logo no início quando se esquece de comprar uma cebola e volta só para sentir que tem algo a fazer. Até para os feirantes ela enfatiza que está sozinha.

O desenvolvimento da trama é dividido basicamente em duas partes. Em um primeiro momento, ela tenta se ocupar com atividades, como ir para gafieira e viajar. Essa viagem, inclusive, para os Estados Unidos, permite repetir algumas piadas clássicas das comédias nacionais, como a dificuldade de se comunicar em outra língua. Mas Dona Hermínia ainda encara e viaja.

A maturidade dos filhos é fonte principal dos conflitos de Dona Hermínia.

Nesse momento também, Paulo Gustavo aproveita para fazer uma homenagem aos filhos e ao marido em uma cena muito doce, na qual, como Dona Hermínia, pede para que Juliano tenha uma família como essa.

A segunda parte apoia mais a vida dos filhos, com preparações para o casamento e a organização para o nascimento da neta. Dona Hermínia volta a ser impulsiva e fazer o que acha que deve ser feito, independentemente de ser como os filhos gostariam.

O filme não tem um arco muito claro. É como se fosse uma série em que vários episódios curtos estão conectados: Dona Hermínia está com medo de ficar sozinha e morrer; o ex-marido vai morar ao lado; viagem para os EUA; a filha está grávida; conhece a casa e janta com a futura sogra do filho; o casamento, etc. É um enredo que poderia ser facilmente quebrado em capítulos sem danificar o conteúdo final.

Gravidez que gera confusão.

Essa característica também tem como ponto negativo o problema da Dona Hermínia com a solidão, porque o roteiro não mostra como ela pode resolver a questão. Não há um hobby além de cuidar da neta, sendo que Marcelina ressalta que não quer interferências da mãe superprotetora. Achei uma falha já que poderia ser um exemplo para outras mães prestes a se tornarem avós.

Dona Hermínia entra e sai como a mesma pessoa, os núcleos são iguais, nada muda. Mas a velha máxima diz que em time que está ganhando não se mexe. E esse conselho é bem lembrado, já que o primeiro filme levou cerca de 4 milhões de pessoas ao cinema, e o segundo, 9 milhões. A produção conclui como o que a série sempre foi: uma homenagem às mães.

Com olhar sensível de humorista, Paulo Gustavo recorta expressões e atitudes capazes de gerar uma identificação com pessoas do dia a dia. Dona Hermínia é uma mulher “moderna” em alguns pontos quando lida com a homossexualidade do filho, mas ainda é um tanto conservadora quando se trata das relações sexuais da filha.

 

P.S.: Havia uma cena de beijo gay no casamento de Juliano e Thiago (Lucas Cordeiro) que foi vetada por Paulo Gustavo. A decisão gerou polêmica nas redes sociais a ponto de algumas pessoas pedirem o cancelamento do comediante. O principal motivo da revolta foi que Paulo Gustavo, por ser gay, deveria ser o primeiro a defender conquistas do grupo. Na sua conta no Instagram, o ator se defendeu dizendo que o filme trata sobre o orgulho de uma mãe em ver seu filho casar e sobre passar um pouco do que ele, Paulo Gustavo, viveu no dia de seu casamento há quatro anos.

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