Esse é um para o qual havia muita expectativa. Assim como Within Our Gates, Monstros se destaca por ser um filme que representa pessoas reclusas dentro da sociedade. Se aquele é a obra mais antiga que se tem conhecimento sobre negros e feito por negros, este subverte até as expectativas dos produtores. Pensado como um horror sobre pessoas com deficiência, foi transformado pelo diretor Tod Browning (na imagem acima, junto com o elenco) para algo superior.
Poderia ter caído no esquecimento como algo preconceituoso da época, mas ficou memorável por seguir o caminho contrário. O diretor, o mesmo de O Monstro do Circo e de Drácula, tinha um afeto na ideia de representar o bizarro do ser humano em seus filmes. Mas sabia também que deficiência física não é a mesma coisa que a bizarrice que o fascinava. Assim como em O Monstro, o que torna o humano verdadeiramente monstruoso é o caráter, não o corpo.
Por isso, convocou um exército de artistas deficientes para selecionar a maior parte do elenco de Monstros e segue a história de como um anão é ludibriado pela beleza de uma trapezista. E de como os amigos também deficientes dele a descobrem e dão para ela exatamente o que ela sempre gritou para eles, a monstruosidade. Em uma trama cheia de idas e vindas, Browning conta a história em enxutos 62 minutos. Isso sem perder ritmo ou ser acelerado.
Lembrado ainda hoje como um dos grandes filmes de horror da história do cinema, Monstros envelheceu muito bem porque a história humana por trás da violência se mantém tocante. Enquanto o terror envelhece a cada geração devido aos extremos da imaginação humana, os sentimentos continuam os mesmos. E qualquer um hoje em dia deve ser capaz de ter empatia pelos artistas deste belo clássico.
Veja o filme completo abaixo, com legenda em português e em alta definição.
P.S.: Não confundir com o outro ótimo filme chamado Monstros, de 2010.