Na linha de longas de animação que a Warner passou a fazer dos personagens da DC Comics, a partir da década de 2000, surgiu esta produção humilde da Mulher Maravilha diretamente para DVD e blu-ray. Surpreendentemente, o produto final é algo digno da personagem e, em algumas partes específicas, consegue ser superior até que o filme em live-action.
Como em todas as versões de origem da Mulher Maravilha (dublada pela Keri Russell), ela é a princesa das amazonas que parte para o mundo dos humanos acompanhada do piloto Steve Trevor (Nathan Fillion), que acidentalmente caiu na ilha das guerreiras gregas. Neste desenho, assim como no filme recente, ela parte em busca do deus da guerra, Ares (Alfred Molina), que coloca a humanidade e as próprias amazonas em perigo.
Em 2009, a produção era apenas mais um filme animado da DC, lançado diretamente para o mercado de vídeo (eles ainda são feitos hoje em dia). Como em todos da linha, era preciso contar a origem da personagem em uma história entre 70 e 90 minutos.
Funciona muito bem. Em grande parte porque animações aceitam ambientações mais aceleradas que versões com atores de carne e osso. É mais fácil aceitar um contexto quando ele é desenhado do que quando pessoas com roupas falsas dizem falas inventadas em cenários construídos. Mas a história funciona, principalmente, porque o roteiro é bom.
Escrito por Michael Jelenic e dirigido por Lauren Montgomery, ambos especialistas em animações, o filme foca especificamente no contraste de uma mulher que passou a vida inteira treinando para ser uma guerreira no mundo atual. Assim que ela encontra com a primeira menina, já ensina para a criança como derrotar os garotos que a maltratam em brincadeiras.
Entre pequenos momentos cômicos que surgem dessa interação, a relação dela com Steve é desenvolvida. Ele é muito engraçado e não tem vergonha de flertar diretamente com Diana, o que a faz desconfiar dele como pessoa, ainda mais quando ele tenta levá-la para beber e se divertir. É quando ela compreende quem ele é, além do superficial, que os dois se interessam de verdade um pelo outro.
A parte técnica de animação é o grande problema. Como uma produção feita para o mercado de vídeo, ela não teve o tempo e o orçamento necessário para um desenho do tipo. Todo tipo de atalho é usado, desde pular partes de frames até desenhos de linhas de movimento que fingem movimentação não animada.
Ainda se trata de uma ótima história de origem da Mulher Maravilha. É rápido, divertido e demonstra a força da personagem. Também pode ser mal feito e, em alguns momentos, permite que a personagem aceite certos preconceitos absurdos, como cavalheirismo forçado. Quem ficou com vontade de conhecer mais sobre a heroína depois do filme recente, essa é boa pedida.