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Na sala de cinema #1 – Em Boa Companhia

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“Essa não. Não a sala 6.” pensou o Vina ao comprar o ingresso para o terceiro filme do Paul Weitz. Um filme que entrou em cartaz praticamente sem chamar a atenção de ninguém. No elenco, o ator principal de uma série de TV, um astro envelhecido e quase esquecido e uma jovem atriz linda que chamou a atenção por dois ou três papéis em filmes pequenos.
O ano é 2004, Vina tem 16 anos e está no meio do segundo ano do ensino médio.

O motivo pelo qual o garoto está decepcionado com a sala é porque ela é uma das menores daquele complexo de cinema. O jovem Vina vai tanto para aquele cinema que sabe quais as melhores salas e quais os tipos de filme que passam em cada uma. A sala 6, por ser uma das menores, costumava passar filmes prestes a sair de cartaz.
Por isso foi uma surpresa ver que Em Boa Companhia estava passando lá em sua semana de estreia. A sala 6, assim como a sala 4, possui apenas seis fileiras de poltronas. Duas delas a frente do corrimão frontal. O que significa que apenas quatro dessas fileiras possuem lugares adequados para alguém que não quer ficar com torcicolo.
Mas como Vina está no ensino médio, suas tardes normalmente são livres. Motivo pelo qual eventualmente assiste três filmes em um mesmo dia. Às vezes até sacrificando oportunidades de fazer um trabalho ou estudar para uma prova.
É o quanto ele ama cinema. Estar em uma sala de exibição significa deixar seus problemas lá fora e por aqueles minutos existir apenas na fantasia criada por outra pessoa. É a terapia pessoal de Vina.
Entrar na sala e encontrá-la relativamente cheia naquela tarde de terça foi outra surpresa. Por mais que a sala seja pequena, poucas pessoas vão para o cinema nas tardes de dias de semana.
Ainda não era problema. Não importava que a sala fosse pequena ou que houvesse bastante gente ali. O problema começou quando eles entraram.
Um grupo de adolescentes grande o suficiente para ocupar as duas últimas fileiras da sala surgiu pela entrada. Sua presença foi anunciada pelos sons de suas vozes em volume elevado graças às piadas e risadas.
A barulheira e o número de pessoas dava sinal de apenas uma coisa. Má companhia. Irônico considerando o nome do filme.
A sala escureceu, a tela iluminou. Propagandas passaram, trailers passaram. O filme começou. Junto com ele outro problema. Não era um blockbuster feito para ser entretenimento puro. Não era problema para o Vina, mas era para seus colegas de espaço.
À medida que o filme passou, o único comentário positivo vindo das poltronas de trás foram relacionados a uma cena na qual a personagem da Scarlett Johansson usa uma bermuda. Revelando suas maravilhosas pernas.
De resto, foi um terror absoluto. Porque de repente um dos integrantes do grupo começou a dar em cima da namorada de outro. Naquela sala pequena, a briga pareceu maior do que realmente foi. Mas ainda assim, as ameaças de morte com a revelação de que um dos machos do triângulo amoroso possuía uma faca foi aterrorizante.
Vina e os outros integrantes da plateia ficavam no mais puro silêncio, esperando que a briga ficasse retida naquelas poltronas, que não descessem aos seus níveis e tomassem suas seguranças ou até suas vidas.
Eventualmente tudo ficou quieto novamente. Por pouco tempo.
Ameaças abafadas puderam ser ouvidas. Um grito vindo de trás quase parou o coração de Vina. Subitamente um vulto escuro passou voando diante da tela e o corrimão frontal vibrou com uma pancada.
Foi quando um dos participantes da briga gritou “Meu tênis! Você jogou meu tênis!” que Vina compreendeu o que havia acontecido. As ameaças ficaram mais altas até que uma das garotas conseguiu acalmar as duas bestas.
De toda essa terrível experiência, Vina guardou uma lembrança em especial. Em Boa Companhia deve ser um filme muito bom. Porque mesmo com tanto ruído, ele causou uma boa impressão.
 
ALLONS-YYYYYYYY…

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