O mercado cinematográfico argentino tem se destacado pela alta qualidade das produções. Filmes como O Segredo dos Seus Olhos (de Juan José Campanella), Relatos Selvagens (de Damián Szifron), Um Conto Chinês (de Sebastián Borensztein) e O Clã (de Pablo Trapero) chamaram a atenção da crítica e dos amantes de cinema. Mas será que Neve Negra permanece no mesma trajetória de sucesso?
Após a morte do pai, Marcos, acompanhado pela esposa Laura, vai ao encontro do irmão mais velho Salvador, que não vê há décadas, para convencê-lo a vender a terra em que ele vive e foi herdada pelos filhos do falecido. Acusado de matar o irmão caçula durante a adolescência, o primogênito vive isolado em uma cabana na Patagônia.
O longa-metragem é dirigido por Martin Hodara (O Sinal), que coescreveu o roteiro com Leonel D’Agostino (Planta Madre). O elenco é constituído por atores como o renomado Ricardo Darín (O Segredo dos Seus Olhos e Relatos Selvagens), Laia Costa (Victoria), Leonardo Sbaraglia (Relatos Selvagens), Dolores Fonzi (El Tiempo No Para), Mikel Iglesias (Los Últimos Días), Biel Montoro (L’altra Frontera) e Federico Luppi (Cronos).
Nos quesitos técnicos, principalmente na fotografia, Neve Negra apresenta um bom trabalho. Belas paisagens são utilizadas como cenário, e o branco da neve toma conta da tela. Em compensação, peca em um elemento de suma importância: o roteiro. O que no início parece se tratar de uma história interessante, infelizmente se perde no meio do caminho. Acontecimentos desnecessários – alguns demasiadamente forçados e inverossímeis – tomam conta da trama e atrapalham a experiência do espectador.
Já no elenco, a produção conta com grandes atuações. Ricardo Darín (Salvador) é ótimo no que faz, seja como vilão ou como “mocinho”, e neste filme não é diferente. Contudo, o destaque real vai para Laia Costa, que entrega diferentes emoções de modo convincente. Mikel Iglesias, intérprete do irmão mais velho durante a adolescência, impressiona ao mostrar um personagem com traços expressivos, principalmente no que tange ao rancor e à tristeza no olhar.
A montagem não é linear e alterna entre presente e passado, enquanto um mistério é revelado pouco a pouco e reviravoltas de caráter se mostram presentes. Por si só, isso já é interessante e tende a resultar em um bom acréscimo à história, mas este não é o caso do filme. Os acontecimentos se mostram desnecessariamente confusos culminam em situações (inclusive o final) revoltantes. Bom na técnica, grande falha no roteiro: Neve Negra não acompanha a trajetória dos colegas argentinos.