Eis um exemplo perfeito de algo que não deve ser feito no cinema. Uma continuação desnecessária para um sucesso cuja história estava fechada e sem espaço para avançar. Branca de Neve e o Caçador foi uma surpresa positiva com visuais inventivos, conflitos interessantes, ritmo contemplativo e ação eficiente. A mistura funcionou bem, mas a ideia de fazer mais parece apenas um desperdício.
Para tentar fazer com que um novo amor faça sentido para o personagem do Caçador (Chris Hemsworth), a trama começa antes do filme anterior e mostra o crescimento dele como guerreiro ao lado de Sara (Jessica Chastain). Um fim trágico os aflige e ele vive a história do original. Depois, o passado dele retorna para assombrá-lo, quando ele é forçado a reencontrá-la e a antiga inimiga que os escravizava, a Rainha Freya (Emily Blunt), irmã de Ravenna (Charlize Theron).
Pareceu confuso? É porque realmente o é. A ideia é absurda porque a intenção do filme é ser mais uma aventura de ação com aquela fantasia curiosa para juntar mais dinheiro. E é simplesmente isso. Quase todos os atores retornam, com exceção da Kristen Stewart, que certamente foi afastada por causa das polêmicas durante a primeira produção, e de vários dos anões.
O que demonstra mais um dos defeitos deste filme. A regra da produção é o caminho seguro. Saem os sete anões e sobra apenas o popular comediante Nick Frost. A atriz que causou confusão também está fora. O que mais fez sucesso, a vilã, volta à vida de qualquer jeito. Ainda há mais romances e espaço para o protagonista galã ser o herói.
A direção de arte, os efeitos especiais e a fotografia sustentam a qualidade do original. A riqueza de detalhes de um mundo sujo criam uma sensação de verossimilhança. A iluminação com tons cinzas e sombrios para as pessoas sem poderes e colorido para as duas feiticeiras indicam quando há magia em um mundo que tende ao cruel. E os efeitos fazem com que tudo pareça que estava mesmo no set de filmagem junto aos atores.
Mas qualidade técnica não vale nada sem história, contexto, mensagem e uma narrativa. O roteiro é aquela bagunça, que tenta se sustentar em humor bobo e sem graça. Os personagens não possuem profundidade além de noções como: “Você não lembra, mas me ama”. Esqueça as entrelinhas nas interpretações. O que, num filme com atores como o Chris Hemsworth, a Jessica Chastain, a Charlize Theron, a Emily Blunt e o Nick Frost é apenas um pecado.
Tudo parece uma cópia técnica de outro filme melhor. Até mesmo a música no final, que soa como uma tentativa de imitar Florence & the Machine, que fechou o primeiro. Essa sensação é a mesma durante toda a sessão desta produção vazia.