Em 2013 dois irmãos ligados a grupos terroristas escolheram o Dia do Patriota, feriado norte-americano em que acontece a tradicional Maratona de Boston, para cometer o ataque que ficaria marcado na história da cidade como um momento traumático e divisor de águas.
Baseado nos relatos oficiais que contam o que aconteceu em Boston tanto no dia da maratona como também na semana que se seguiu ao ataque – enquanto as autoridades se reuniam para tentar identificar e apreender os responsáveis – Mark Wahlberg (Os Infiltrados, de 2006) e grande elenco vivem personagens da vida real: pessoas que tiveram papéis decisivos no desenrolar da história.
Com roteiro de Peter Berg, que também é o diretor, Matt Cook e Joshua Zetumer, o filme é bem dividido em vários núcleos, que acompanham o que acontecia com cada “personagem”, enquanto aprendemos sobre o papel de cada um na tragédia. Alguns retratados como heróis, outros como vítimas e até mesmo os “vilões”: todos ganham nuances muito realistas que conseguem emocionar e aguçar a empatia.
No quesito filmagem, o longa deixa um gostinho de documentário durante a maior parte de seus 120 minutos, ainda que a parte dramática seja exagerada para efeito de conclusão nos últimos momentos do filme. Wahlberg entrega um grande discurso sobre como a cidade direcionou todos os seus esforços para ajudar as autoridades a prender os terroristas e o fizeram porque o amor supera o medo. Havendo verdade ou não nas belas palavras que arrematam os acontecimentos, para nós que não compartilhamos do patriotismo norte-americano a tendência é sentir que o momento é piegas, desnecessário e quebra o apoio na realidade dos depoimentos sobre os quais os personagens foram escritos e construídos – e que com certeza não contavam com os embelezamentos hollywoodianos.
No belo elenco composto por Kevin Bacon, John Goodman, J.K. Simmons, Michelle Monaghan e Alex Wolff, não há grandes destaques. Com exceção de Wahlberg, ninguém ganha tempo de tela o suficiente para desenvolver o personagem, e o suspense natural gerado pela situação corrobora para que todo o desenvolvimento emocional da trama se baseie de fato no que acontece no todo, e não em momentos particulares de um personagem ou outro.
Não há destaque para fotografia ou trilha sonora. A direção de Berg – O Grande Herói (2013) e Hancock (2008) – convence por exprimir, com cenas curtas e dilaceradas, a dor e ansiedade pela qual passou toda uma cidade tomada refém pelo medo de possíveis ataques subsequentes aos da maratona, que felizmente não se repetiram.
O filme emociona, traz à tona lágrimas de pura solidariedade para com uma realidade distante para nós, porém humana e dolorosamente contemporânea. Não há grandes momentos, e não se tira dali nenhuma grande lição. Mas se prepare para sentir muito.