Eis uma boa ideia para um filme. Um horror que se passa em um contexto de ficção-científica. Na trama, alguma coisa desconhecida do universo tem o poder de matar as pessoas. Use uma ambientação semelhante à de Alien e tudo certo. Que tipo de coisa do espaço pode ser essa ameaça misteriosa? Vamos usa como base algo como Hellraiser. As referências são apenas duas das grandes obras de terror.
A tripulação da nave espacial de resgate Lewis & Clark segue em missão secreta para Netuno, onde devem buscar a nave Event Horizon, que enviou um sinal de resgate indicando sua posição. O capitão Miller (Fishburne) leva consigo o projetista da nave, o doutor William Weir (Neill). A nave desapareceu sete anos antes durante um teste de salto gravitacional que permitiria à humanidade viajar a velocidades mais rápidas que a luz. O salto, porém, revelou algo perturbador.
Apesar das referências bases grandiosas, a intenção dos realizadores de O Enigma do Horizonte não era fazer um filme de terror que seria lembrado como um marco de nenhum dos gêneros dos quais faz parte. Eles só queriam fazer um terror espacial maneiro. Essa humildade na trama é a razão pela qual ele funciona.
Paul W. S. Anderson é um dos piores diretores em atividade. Ele tem um histórico de boas ideias que viram péssimos filmes. Grande parte da franquia Resident Evil é culpa dele. A tentativa de fazer Alien vs. Predador foi dele, o remake de Corrida Mortal, o filme do Mortal Kombat. O grande problema em todos esses filmes, ironicamente, é o acerto neste. Em cada um, Anderson estava tentando fazer algo extraordinário e único. Pretensão certamente não é o caminho correto para ele.
Aqui, o roteiro é bem simples. Grupo pequeno de pessoas vai para o espaço, encontra um mistério científico que os perturba profundamente até começar a matá-los um a um com bastante criatividade. Até o final da fita, uma solução para o problema surge e o clímax fecha a história. Sem as analogias sexuais de Hellraiser e as críticas corporativas de Alien. Sem nada mesmo. É apenas para pegar as partes superficiais divertidas desses dois e ser legal.
Tripulação a caminho da desgraça.
Paul W. S. Anderson é um diretor extremamente limitado. Ele acredita que construir uma noção espacial é fazer a câmera girar ao redor de sets e ambientes. Na hora de fazer terror, se permite resumir o gênero a sustos ilógicos realizados através de efeitos sonoros de coisas que não existem dentro do universo do filme. Em uma cena, uma personagem está passando por um momento assustador e sai dele com a presença de um amigo que a chama gritando ao seu lado. O susto foi dado, mas é tão bobo e ilógico que arruína a ambientação e tornam o filme um pouco pior.
Mas Anderson tem suas boas sacadas. Em alguns momentos, filma as coisas aterrorizantes da Event Horizon com naturalidade. O que as deixa mais perturbadoras e incômodas. Quando o horror por trás da experiência da nave é revelado. Ele não se importa em expor cada detalhe minucioso. Pelo contrário, joga algumas explicações contraditórias que deixam dúvida quanto ao que aconteceu. Principalmente no final, quando não há como ter certeza se o fim foi otimista ou negativo. Isso, porém, cria alguns momentos que são apenas confusos.
O filme conta com o que os efeitos de computador tinham de melhor em 1997, o que é péssimo para os padrões atuais. A fotografia é muito bonita e explora bem os cenários que compõem a Event Horizon. Usando das características científicas inventadas para a nave, o design inteligente a faz parecer uma grande armadilha viva. As portas têm encaixes que parecem dentes comendo os personagens, um corredor que supostamente blinda um equipamento gravitacional parece, como um personagem descreve, “um moedor de carne”. A direção de arte também acerta com a revelação das deformidades. Algo entre o realista e bonecos obviamente falsos. Está no limite entre o tosco e o ótimo, assim como o resto do filme.
Direção de arte deixa a nave ameaçadora.
O Sam Neil fez grande parte de sua carreira com filmes de terror. Aqui ele reassume o papel do homem perturbado que se perde dentro de alguma obsessão ou insanidade. Nada novo, mas é o que ele sabe fazer. O Lawrence Fishburne é o Morpheus antes do Matrix. Imponente, leva a missão para o lado pessoal e é capitão de uma nave suja, cheia de cabos e futurista. O resto do elenco é descartável. Até o ótimo Jason Isaacs (antes da fama) é um coadjuvante bobo.
O Enigma do Horizonte chega perto de várias coisas mais de uma vez. Chega perto da tosqueira básica por conta da inabilidade de seu diretor. Chega perto do brilhantismo porque as ideias são boas, mas não são extrapoladas pela falta de talento de seus realizadores. No meio do caminho, tem bons e maus momentos e diverte.
FANTASTIC…
Cara, eu confesso que gosto muito desse filme, apesar de ter uns bons anos que não assisto.
Reveja. Não é tão bom quanto eu lembrava.
Esse filme é tão perturbador quanto o primeiro Hellraiser, de 1987.
Este filme não e pra qualquer um, tem que ter um alto QI, para entede-lo. E de altíssimo nível psicológico.