Hoje em dia, O Exterminador do Futuro é uma franquia gigantesca. Teve séries de TV, jogos, um reboot ainda por vir, histórias em quadrinhos, mil e um nomes grandes de várias mídias envolvidos. Mas, na sua origem, O Exterminador não passava de um filme b com muito brilho.
Na Los Angeles de 1984, dois homens nus surgem de lugar nenhum. Os dois buscam por uma garçonete chamada Sarah Connor. Um para matá-la e o outro para protegê-la. Pouco a pouco as motivações dos dois se revelam à medida em que as batalhas dos dois vai destruindo o cenário da cidade.
A sinopse é interessante, né? Mas eis o grande problema. Todo mundo sabe nos dias de hoje o que é o Exterminador do Futuro e toda a mitologia construída após o filme. Este é o filme mais difícil de assistir dos quatro já realizados. O que se dá por dois motivos. Primeiro porque é o mais difícil de se encontrar e ter acesso. Teve tantos problemas com distribuição e direitos autorais que é o único que se perdeu por muito tempo, criando uma diminuição de suas cópias. Segundo porque é um filme b que datou muito e que tem todo um universo já conhecido criado após seu lançamento.
Porém, na época O Exterminador do Futuro era uma incógnita. O diretor, James Cameron, possuía como referência seu trabalho anterior, Piranhas 2. Os atores eram quase todos desconhecidos. O mais famoso era um tal de Arnold Schwarzenegger, que fez o Conan antes e só. Literalmente, não havia muito o que se esperar dali.
Então as pessoas iam assistir ao filme sem saber o que esperar. Quem é esse Kyle Reese, um dos homens do futuro? Quem é esse outro homem gigantesco matando todas as Sarah Connor da lista telefônica? De repente, percebe-se que se trata de um filme de monstro, pura e simplesmente. O Schwarzenegger pode não ser um exemplo de grande ator, mas ele é perfeito para a inexpressividade do T-800. Uma máquina que anda por aí, fala pouco, atravessa paredes e obstáculos com uma truculência assustadora e mata com poucos gestos e muita eficiência.
Sarah e Kyle. O que diabos está acontecendo? O que é aquela coisa lá fora?
Aquela coisa vindo atrás de Sarah e de seu misterioso protetor é um monstro dos mais assustadores. Ele vai matando praticamente todos os personagens secundários tentando encontrá-la em meio a diversas cenas de ação que levam até as revelações finais. Basta saber que a melhor forma de assistir a este filme é não saber nada sobre.
Quanto ao suspense, Cameron sabe fazer com que Schwarzenegger seja um monstro perigoso. Cada aparição dele é a pista necessária para que as pessoas corram desesperadamente. O problema é quando as cenas de ação começam. Com o pouco orçamento e as poucas técnicas disponíveis, os tiroteios e as perseguições envelheceram mal. Assim como os efeitos especiais.
O stop-motion é uma técnica que não funciona mais tão bem. Em 1984, ver aquele troço mecânico saindo de dentro do ator austríaco era algo que causava medo nas plateias. Porém, atualmente, é visivelmente falso. Em diversos momentos, o Schwarzenegger é substituído por um bonecão em que é fácil perceber a pele de borracha. Ironicamente, em certo ponto do filme, Reese fala que os Exterminadores de borracha são fáceis de notar à distância.
Tem que ver esses efeitos especiais aí…
O Cameron aqui é diferente do Cameron de hoje em dia. Discípulo de Roger Corman, ele sabe quando cortar para os closes nos bonecos e quando voltar para os atores com maquiagem à distância, sempre economizando na quantidade de planos e de objetos de cena. As mesmas trucagens foram usadas mais tarde quando ele dirigiu a continuação Aliens, multiplicando poucos bonecos disponíveis do alienígena macabro para centenas dentro da narrativa.
Além do Schwarzenegger, temos o Michael Biehn fazendo o mesmo de sempre. Cenas de ação em um filme do James Cameron (resumo da carreira dele). A Linda Hamilton está bem no limite da inocência da garçonete ignorante e da mulher que se apaixona por um homem que desconhece qualquer malícia. Os policiais são muito bons e vendem muito bem o roteiro, que não trata investigação criminal como uma coisa idiota ou estúpida.
Infelizmente, esse filme foi ofuscado pelo nível de qualidade técnica das continuações. Ainda assim, foi influente para diversas mídias (poucas pessoas sabem que o Snake, do Metal Gear, foi inspirado no Kyle Reese) e criou uma nova forma de se imaginar o futuro e as ficções científicas.
GERÔNIMOOOOOOOO…