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O Grande Golpe

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Eu devo ser o único idiota do mundo que de vez em quando assiste um filme do Stanley Kubrick sem saber o diretor. Pelo menos eu e o meu amigo que foi comigo assistir a O Grande Golpe sem saber nem qual o filme que veríamos.

O Grande Golpe do título é um assalto a um jockey club. É um tipo de filme que costuma definir a carreira de um diretor. Por exemplo, ninguém tinha muita certeza sobre o Brett Ratner até que ele fez o terrível Ladrão de Diamantes. Desde então, sua carreira foi por água abaixo. Ao contrário do Steven Soderbergh que fez Onze Homens e Um Segredo e fez ainda mais sucesso que antes.
Mas não tem como não esperar nada menos que o extraordinário de Kubrick. Ao invés de ir apresentando os personagens, seus conflitos, o planejamento do assalto e eventualmente o próprio roubo. No lugar disso, ele vai mostrando a preparação. Cada passo acaba por apresentar um personagem.
O legal aqui é que Kubrick não segue a ordem cronológica. Mostra um passo com dois homens marcando uma reunião em um endereço, depois volta no tempo para mostrar outros dois discutindo as razões para a reunião. Ou seja, a cronologia abre espaço para seguir uma ordem mais ligada ao raciocínio. Primeiro sabemos da reunião, depois do seu significado.
Vale lembrar que se trata de um filme de 1956. Um recurso como esse era extremamente raro na época. Para ficar ainda melhor, Kubrick cria planos longos e dinâmicos. Quando um personagem atravessa um apartamento, a câmera cruza paredes e móveis acompanhando-os. É sensacional.
Quando a câmera está parada, os personagens entram e saem da luz nos enquadramentos sempre em pontos de fala significativos. Ou então, uma luz com forma de grade enjaula outro personagem. Vai dando dicas através dos planos do que vai acontecer no final. Ou talvez apenas julgue seus caracteres.
Os diálogos e as ações são rápidos. Uma cena acontece e rapidamente muda para outra história. Os jogos de poder e as manipulações impressas nas conversas são sutis e bem trabalhadas.
O filme não esconde as coisas. Revela o que está acontecendo o tempo inteiro, criando um suspense pelo que ainda não aconteceu. Assim vai crescendo em tensão até fechar no clímax. E que clímax. A mensagem final e o desfecho são arrebatadores.
Um filme de assalto inteligente e diferente. Atesta o brilhantismo de um grande diretor.
 
GERÔNIMOOOOOOO…

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