Depois de diversos de vários de seus clássicos já terem sido lançados, Hitchcock resolveu refilmar seu maior sucesso da época em que estava na Inglaterra. Chamou um de seus grandes parceiros para protagonizar e fez mais um dos filmes memoráveis de sua filmografia.
Troca-se a nacionalidade do casal principal. Os Lawrence ingleses dão espaço para os americanos McKenna. A viagem para a Suíça muda para o Marrocos. A filha vira um garoto. Mas tirando isso, tudo é a mesma coisa. E ainda assim faz uma grande diferença.
Enquanto o primeiro leva cinco minutos para apresentar toda a trama, este prepara todo o terreno. A trama de espionagem não é uma maluquice que surge do nada. O homem que morre se apresenta antes para os protagonistas e todas as suas ações fazem sentido com a trama de espionagem que vai se desenrolar.
Para fazer tudo isso, o diretor se encarrega de construir bons momentos de suspense e humor. Do momento em que o espião morre até a descoberta de que o filho foi sequestrado existe todo um trabalho de roteiro. Como a apresentação dos vilões, a explicação de porque eles tiveram que deixar o filho com outra pessoa enquanto vão para a delegacia.
Não existem momentos com comédia involuntária. Hitchcock era um homem de espetáculo. Sabia prender a atenção constantemente. Usava humor inteligente, como na cena em que o James Stewart tenta se acomodar na mesa do restaurante marroquino. E também fazia suspense inquietante, colocando a expectativa no máximo, tal qual o maravilhoso final.
Momentos importantes da trama se repetem. Eles vão para a Inglaterra investigar as pistas. Invadem uma missa em uma igreja onde os bandidos se escondem. Existe a cena do tiro no Albert Hall, ainda com os címbalos ditando o momento do assassinato. Mas o clímax foge do ridículo tiroteio nas ruas de Londres para uma maravilhosa cena de suspense em uma embaixada.
É um filme com mais de cinquenta anos e ainda foi capaz de fazer com que as pessoas exasperassem alto na sala de cinema. É sinal do talento de um grande diretor. Mantendo o suspense até o último instante.
A fotografia aproveita bastante da tecnologia Vistavision do período. O diretor enche os enquadramentos com imagens bonitas e significativas. Infelizmente sofre com o processo de captura de cores do período, que as deixavam muito saturadas, mas com tonalidades estranhas. É um estilo que datou bastante. Mesmo em blu-ray incomoda.
James Stewart é brilhante como sempre. Carrega para o personagem um carisma e uma emoção típicas dele. Doris Day é a loira da vez, lindíssima. Quando descobre que o filho está em perigo, sua tristeza pode ser sentida pelo espectador. Uma interpretação forte.
Um filme brilhante, só isso. Ainda temos muitos por vir nessa mostra. Alguns ainda com o senhor Stewart.
GERÔNIMOOOOOOOO…