O Lugar Onde Tudo Termina

Ryan Gosling é uma máquina. Ele simplesmente não consegue parar de fazer filmes. Depois de Namorados para Sempre, ele entrou em um período sombrio pessoalmente por causa da interpretação. Mesmo assim não parou de atuar. Sua solução foi fazer uma comédia, o interessante Amor a Toda Prova. E simples assim ele retomou a forma e voltou a fazer filmes mais sérios. Ironicamente, ele voltou a fazer outro filme com o diretor de Namorados para Sempre, Derek Cianfrance

A história de O Lugar Onde Tudo Termina é episódica. Ela gira ao redor de quatro protagonistas. Começa com o motoqueiro Luke e eventualmente passa para o policial Avery. Os outros dois personagens não podem ser muito comentados porque seria estragar o filme. Luke faz parte de um show de globo da morte e descobre que um antigo caso teve um bebê dele. Para prover a família recém descoberta, ele decide ficar na cidade e arrumar dinheiro.
Cianfrance já deixou claro que seus filmes são sobre relações familiares. Enquanto Namorados para Sempre tratava de pai e mãe, O Lugar Onde Tudo Termina passa a lidar com pais e filhos. É sobre responsabilidade, culpa, herança e vingança. Parece complicado falando desse jeito. Mas o diretor faz uma construção cuidadosa de como as escolhas dos pais refletem nas vidas dos filhos.

Um segue a criminalidade porque ama o filho e quer cuidar dele. O policial protege a lei em nome da própria ambição. Os dois fazem opções erradas e se deixar corromper. Os dois carregam culpa e terão que sofrer as consequências. Ninguém é herói.
Se o filme seguisse apenas essa comparação já seria interessante o bastante, mas ele vai além e mostra os reflexos em seus filhos. O que eles pensam de seus progenitores e como eles se deixam influenciar por eles.
Cianfrance não tem direção ousada ou inovadora, mas é eficiente. Ele recria enquadramentos entre os pais e os filhos, mostrando que um é igual ao outro. A fotografia é lindíssima, deixando tudo com um clima pesado, o filme parece estar todo em ambientes abafados.

Os atores são maravilhosos. Infelizmente o Ryan Gosling e o Bradley Cooper quase não dividem as cenas. Os dois brilham na tela e renderiam grandes momentos juntos. A Eva Mendes está ótima com sua personagem, que talvez seja a mais sofrida do filme.
O que pesa mesmo no filme é sua extensão. Quando o filme chega no quarto protagonista, já está cansando. Não por ser chato ou lento, mas por ser muito tenso e triste. Depois de tanta densidade emocional, chegamos ao final cansados psicologicamente.
Uma obra visceral. Onde ninguém é bom nem mal. Todos possuem seu nível de corrupção e a história deixa um gosto amargo na boca com o mundo em que vivemos. Onde todos os personagens enfrentam suas escolhas escondidos, no lugar onde tudo termina.
 
ALLONS-YYYYYYYY…