Para fechar esses quatro dias de texto sobre Era Uma Vez no Oeste, vamos falar sobre o meu tema favorito relacionado à obra de Sergio Leone. A representação dos ideais masculinos e femininos do diretor. Quem sabe isso vira uma tese um dia.
É o plano.
“Westerns são filmes que falam sobre homens em tempos extremos, duros, com questionamentos morais e vários momentos contemplativos. Daí surgiu uma visão mais atual de que aqueles eram homens de verdade, que morriam uns pelos outros e protegiam e proviam para suas mulheres e até por mulheres com quem não poderiam ficar.
Era Uma Vez no Oeste decorre muito sobre essa figura masculina. Principalmente pela visão da personagem Jill. Ex-prostituta de New Orleans, ela decidiu abandonar aquela vida por ter encontrado um homem bom e rico que viu algo nela que nem ela mesma consegue ver.
Quando vai ao seu encontro, ele e sua família estão mortos e ela basicamente herda todos os conflitos do filme. Quando ela conhece Cheyenne, ele praticamente a idolatra, reconhecendo no discurso dela uma mulher de fibra e coragem como poucas. Ele lhe diz que ela merece o melhor tipo de homem possível e que nenhum daqueles caubóis e pistoleiros é o tipo de homem certo pra ela. Não porque não são corretos, mas porque seus estilos de vida os impedem de permanecerem e proverem como ela merece.
Cheyenne reconhece em Jill o valor como mulher.
Eles são uma representação tão forte de como homens devem ser, que são os únicos com quem Jill pretende ficar. E por serem homens corretos, eles não ficam com ela. O único que se aproveita da força de Jill para dormir com ela, é o vilão, Frank. Ela se deita com ele de boa vontade por saber que assim, talvez ele não a mate. É a mesma força feminina que o diretor alemão Rainer Werner Fassbinder dá a suas personagens. Elas estão dispostas a extremos para garantir um futuro para si mesmas.
Em um diálogo, Jill fala para Cheyenne que se ele e todos os homens dele quiserem estuprá-la, não será um problema. Assim ela continuará viva e poderá se limpar deles com um banho quente. É quando ele reconhece o verdadeiro valor que existe nela.”
FANTASTIC…