Uma criança que utiliza o humor para enfrentar os altos e baixos da vida é a peça central do novo longa-metragem de Caroline Link, responsável pela direção e roteiro de Lugar Nenhum na África, vencedor do Oscar destinado a produções estrangeiras em 2003. O Menino que Fazia Rir acompanha parte da infância de Hans-Peter (Hape) Kerkeling, um dos mais renomados comediantes da Alemanha, durante a primeira metade da década de 1970.
Talvez uma das partes mais interessantes é o fato de que, apesar de possuir teor biográfico, o foco do filme não é demonstrar a trajetória do futuro comediante profissional ao sucesso, e, sim, justamente a forma que Hans-Peter (Julius Weckauf) lida com os acontecimentos da própria vida. Fazer os outros felizes, mesmo que, às vezes, por um breve período, é o que o motiva a seguir em frente, independente das adversidades que aparecem no caminho.
Seja com as imitações que faz das pessoas que observa ou com performances de dança e canto, o menino consegue encontrar uma forma de causar gargalhadas nas pessoas ao seu redor, até mesmo na mãe, que enfrenta momentos difíceis. Inclusive, a relação dele com a figura materna é um dos aspectos abordados com maior sensibilidade no decorrer da trama, assim como a interação com as avós. E essa escolha do modo de representar a história a torna mais envolvente.
A montagem apresenta alternância entre momentos deprimentes e alegres/divertidos, mas logo os negativos são interrompidos pelo humor de Hans-Peter. A fotografia acompanha as emoções dele com variação de tons de cores vibrantes – reforçados, principalmente, pela inserção da natureza – ao oposto, presente sobretudo em ambientes internos.
A história, apesar de conter partes de profunda tristeza, flui de forma leve e encantadora – o que, somado ao fato de ter apenas 120 minutos de duração, faz com que a produção não seja cansativa de assistir. Tudo isso com uma lição bonita e não forçada, retratada de uma forma que não é óbvia nas películas do gênero, e atuações que cumprem os papéis na obra, com destaque para Julius Weckauf. Assim, o filme é um bom motivo para ir às salas de cinema.