Imbuído em ajudar o máximo de pessoas que conseguir, Robert McCall (Denzel Washington) decide trabalhar de motorista de transporte coletivo particular. Desta maneira, o protagonista prestaria atenção nas várias histórias presente em seu carro naquele momento e saberia o que fazer pelo passageiro em sua vida pessoal.
Quando sua amiga de longa data Susan (Melissa Leo) é assassinada no que parece ser uma grande queima de arquivo, Robert decide ir atrás dos culpados. Você tem a impressão de que já ouviu essa premissa antes? Posso te afirmar que já.
A desculpa para uma sequência de O Protetor (2014) é fraca e conhecida, todavia, surpreende a forma como é trabalhada. Se o primeiro filme pecou em criar um forte laço entre os personagens, ou mesmo não se preocupou com isso. Esse entrega o oposto. Desapegado de uma premissa rica, mas com relações e um desenvolvimento extremamente prazeroso.
Não seria necessário pensar durante horas numa ideia que justificasse Robert como uma espécie de vigilante noturno, suas motivações, já que o filme anterior ajudava nisso. Mas, o implemento do personagem Miles (Ashton Sanders) dá vida ao trabalho do nosso protagonista. Uma espécie de relação mentor aprendiz é criada.
Os eventos sobre o conflito principal, a morte de sua amiga, se dá de forma espaçada, mas sem as famosas “encheções de linguiça”. Por conta disso, o tempo em tela da relação Miles e Robert não se satura e consegue empolgar o suficiente, talvez até por conta dos diálogos, mesmo vindo depois de uma cena de ação que consegue empolgar apesar da falta de som.
Não espere um roteiro de falas refinadas. Elas ainda carregam um pouco do grosseiro e não deve ter havido, provavelmente, muito estresse em pensá-las. Porém, conseguem fugir do clichê, a exemplo de uma bela cena em que Robert enfrenta o garoto com uma arma na cabeça para lhe explicar porque não ir pelo caminho do crime. Até na forma como se usa de exemplo por também fazer parte da mesma “minoria” que o garoto faz.
Mas, nem tudo são flores. O vilão carrega muito dos problemas pela falta de carisma, possivelmente por não ter ganhado tanto espaço em tela. Ele não possui uma motivação muito bem definida e explicada, em um momento começa a parecer que também seria vingança. Aí vem a pergunta: “É vingança em cima de vingança? Então não temos um lado certo!”
Se a resposta for sim, então não temos um lado certo. Mas vemos um “vilão” muito bem definido e torcemos contra ele por conta da falta total de carisma e de conhecimento. O filme até lhe introduz uma família, que pode facilmente não ser creditada. Desse jeito, não se cria um laço de dois lados da mesma moeda no espectador. Até porque nosso protagonista tem um filme inteiro anterior só sobre ele.
Além de tudo isso, é super previsível quem seria o antagonista. A direção até arrisca em alguns enquadramentos ou decorrer de cenas fora do cotidiano, mas nada novo. Como a câmera que gira junto com o movimento do corpo de um personagem ao ser arremessado, característica resgatada recentemente por James Wan (Invocação do Mal).
A ação empolga e é bem coreografada. Já as cenas com muitas presenças de armas e tiroteio permanece meio nebulosa em alguns momentos, sem conseguirmos ter uma noção 100% concreta dos rápidos acontecimentos. Talvez pela paleta azulada e escura ou pela escolha de muitos cortes quando poderia manter apenas uma câmera aberta. Nada muito grave e os créditos disso vai para a manutenção da boa noção de posicionamento dos personagens nos espaços físicos até nas cenas de tiroteio.
O Protetor 2, dirigido por Antoine Fuqua (Nocaute), é melhor que seu antecessor, pois recicla a ação do primeiro filme, a torna até mais “estilo Rambo” em alguns momentos, e melhora as relações entre personagens. Mas clichês na trama somado a pouca preocupação com o desenvolvimento do vilão fazem do filme um bom mais do mesmo.