Os desinformados, e os mais novos, vão se perguntar quem é Afonso Brazza. Parte fundamental da cultura cinematográfica brasiliense, o diretor seria um desconhecido se não fosse pelo Fernando Collor. O ex-presidente destruiu todos os meios de financiamento de cinema no começo da década de 1990, o mais conhecido era a Embrafilme, e fez com que quase toda a produção nacional parasse. Com exceção de Afonso Brazza.
Enquanto ninguém mais continuava a fazer filmes, Brazza filmava Inferno no Gama. Quase imediatamente, ele se tornou famoso no país. Apareceu em diversos jornais, revistas e programas de TV, como Jô Soares e Fantástico. Assim surgiu o fenômeno Afonso Brazza, um bombeiro do Gama que fazia filmes em esquema de guerrilha. Para alguém participar das produções, tinha que pagar e ele precisava inventar papéis na hora para os novos financiadores.
Pedro Lacerda, cineasta, amigo e colaborador de Afonso, finalizou a última obra dele, Fuga Sem Destino, e vai lançá-la amanhã, dia 16 de junho, no Cine Brasília, às 21h. Quem quiser conferir, precisa comprar convites na Kingdom Comics, no Quiosque Cultural ou na Berlin Discos. Os três se encontram no Conic (só brasilienses vão entender) e vendem as entradas por 20 reais. Outra forma de adquirir é entrar em contato diretamente com Pedro nos números (61) 8501-1749 ou (61) 8154-5601 ou no facebook dele.
O dinheiro arrecadado será usado para cobrir despesas de produção, direitos autorais e fazer a produção do DVD. No local, será feita a venda de cartazes de antigos filmes do Brazza. Lacerda salienta a importância dessa entrada de dinheiro. Ele gostaria de fazer uma mostra com os três últimos filmes do diretor bombeiro, mas para criar um evento desses, tem que marcar entrevistas, organizar local, criar pauta. E no final, de acordo com Lacerda, ele se esquece de vender os convites e arrecada pouco.
O sucesso de Brazza seguiu por conta da forma como lidou com a recepção. Enquanto jornalistas e outras celebridades de Brasília faziam participações nos filmes, ele contava a história pessoal nos veículos de comunicação. Trabalhou na Boca do Lixo, que chegou a ser origem de 60% da produção cinematográfica nacional, como revisor de película e como ator em pontas pequenas. Como não era suficiente para o sustento, ele viajou para Brasília em busca de segurança financeira. Encontrou como bombeiro no Gama, mas não era o suficiente para fazer filmes.
Fez um primeiro, O Procurador Jefferson, que desapareceu. Rumores, incitados também por Brazza, diziam que um argentino pegou emprestado e sumiu. As histórias dele vendiam bem. De acordo com Lacerda, “você mistura um pouco de dificuldade com tragédia e humor e dá certinho, né? O tempero dá certinho pras pessoas se interessarem em ler e ficar curiosos em conhecer a história dele”.
Lacerda sugere procurar na internet cópias dos filmes do amigo falecido. Ele disse que elas eram distribuídas pelo próprio Afonso em versões VHS. As pessoas passam para a internet. Se procurar, é possível encontrar o filme Tortura Selvagem – A Grade, que chegou a ficar um mês em cartaz no Píer 21 (shopping de Basília), e ver o Digão e o Rodolfo da banda Raimundos em tiroteios.
O plano era colocar uma crítica de Fuga Sem Destino no blog, mas infelizmente o único interessado em assistir dentre os colaboradores trabalha de noite. O que não impedirá de colocar críticas de outros filmes dele por aqui. A recomendação é, assista aos filmes e se divirta.
ALLONS-YYYYYYYYY…