De vez em quando, algumas personalidades do passado voltam à memória com a seguinte questão: Eles ainda estão vivos? Em alguns casos, a resposta é positiva. Eles apenas se ausentaram dos cinemas. Acontece por vários motivos. Um dos nomes que acho mais interessante nesta situação é o do Gene Wilder, o eterno Willy Wonka do clássico A Fantástica Fábrica de Chocolate.
Apesar do que muitos acreditam, Wilder continua vivo e bem nos seus 83 anos de idade. O último trabalho dele como ator foi na série Will & Grace em 2003. Em filmes, foi para a TV em 1999 e no cinema foi em Um Sem Juízo, Outro Sem Razão de 1991. Desde então, desapareceu do que ele mesmo chama de Showbiz. “Eu gostava do show, mas não muito do biz (que é diminutivo de business, inglês para negócios)” ele disse sobre trabalhar como ator.
Para quem desconhece, Wilder foi um comediante de muito sucesso no cinema. A carreira no humor teve início em 1967, quando estrelou Primavera para Hitler. Se o nome do filme parece esquisito, vai ficar mais interessante quando se descobre que ganhou o remake Os Produtores. Trata-se de mais uma obra adaptada para o teatro musical e deste para o cinema com cantos. O que provavelmente significa que o original é melhor. Principalmente ao se levar em conta que o diretor do primeiro é o Mel Brooks, um dos grandes nomes do gênero.
Com Brooks, Wilder fez mais duas produções. Os também clássicos Banzé no Oeste e O Jovem Frankenstein. A parceria fez bem para a carreira. Quatro anos depois entrou para os anais do cinema ao cantar a música Pure Imagination com um terno roxo e um comportamento assustador em A Fantástica Fábrica de Chocolates. Trabalhou com o Woody Allen em Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo e Tinha Medo de Perguntar. Atuou ao lado do Harrison Ford na comédia de faroeste O Rabino e o Pistoleiro. Estreou na direção em A Dama de Vermelho, que rendeu indicações pra dar e vender. Daí firmou outra parceria, desta vez com o comediante Richard Pryor, com quem dividiu a tela no último filme da carreira.
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Mel Brooks continua na ativa (fará uma voz em Hotel Transilvânia), Woody Allen só está na ativa e Pryor teve um final trágico. Wilder simplesmente parou de fazer filmes. Talvez simples seja a expressão errada. Desde a “aposentadoria” ele escreveu cinco livros, um sobre a doença terminal da esposa em parceria com o oncologista dela, três romances e uma coletânea de contos. Além da nova profissão, ele participa de vários eventos de caridade em que doa peças e lembranças dos filmes que fez para arrecadar dinheiro. Também participou de uma longa entrevista conduzida pelo Alec Baldwin.
Wilder sempre diz a mesma coisa, abriria mão da aposentadoria por uma grande proposta de interpretação. Infelizmente, dentre os diversos roteiros que chegam a ele, os melhores são medíocres, de acordo com ele. Além disso, disse que o cinema não tem produzido boas obras. No geral elas envolvem muitos efeitos e focam na escala. Uma pena que tal talento seja pausado desta forma, mas ninguém jamais pode questionar as escolhas de uma pessoa. Principalmente se ela parece estar em paz com elas. E Wilder parece estar ótimo.
FANTASTIC…