Uma das coisas que mais se comentou quando a Disney comprou a Marvel foi que eventualmente, além dos filmes da Marvel serem distribuídos pela Disney e ganhar o valor de produção do estúdio, foi que animações da Disney poderiam vir a tratar de histórias das HQs da Marvel. Eis que chega Operação Big Hero, adaptação de gibi da Marvel que brinca com estilos de mangá e faz parte da nova linha de animações do estúdio (que conta com Frozen, Enrolados e Detona Ralph).
Hiro é um menino prodígio de 13 anos que se inscreve em um evento que pode garantir uma vaga para ele em uma universidade de tecnologia. Um incêndio na ocasião acaba por tirar a vida do irmão mais velho de Hiro, Tadashi. O menino transforma Baymax, um robô médico criado por Tadashi, em uma máquina de combate para capturar o vilão mascarado responsável pelo incêndio. Com a ajuda de amigos inventores de Tadashi e suas respectivas invenções, o grupo se torna uma equipe de heróis.
Tudo em Operação Big Hero grita meninos que gostam de ação. Os seis heróis usam armaduras coloridas. Eles usam poderes baseados em invenções criativas e improváveis. Cada um tem uma base cômica em suas personalidades tão diferentes uma da outra. Tudo com uma estrutura emocional que conta com uma inocência que dialoga diretamente com os infantes.
O roteiro é, talvez, o maior defeito do filme. Os primeiros quinze minutos da produção são feitos de momentos exagerados cuja única utilidade é exposição. Com direito a uma parte em que Tadashi pergunta para Hiro: “O que nossos pais achariam se soubessem o que você está fazendo?” para ouvir em resposta: “Eu não sei, eles morreram antes que eu pudesse conhecê-los.”. Durante essas exposições, toda a trama adiante fica óbvia. Um personagem é apresentado e o espectador imediatamente sabe que ele é o vilão. A obviedade vem de uma tentativa do roteiro de desviar a vilania de uma forma bastante tola. Quando o que deveria ser a reviravolta acontece, não há surpresa.
Porém, o grande pecado do roteiro é tratar de seis protagonistas heróis, mas desenvolver apenas dois deles. Os outros quatro são pequenos estereótipos superficiais que servem para duas coisas: Serem coadjuvantes cômicos e ter as variações de poderes que vão encher os olhos das crianças em busca de ação. Com a péssima dublagem dos quatro nomes famosos escolhidos para eles, as piadas não funcionam nenhuma vez.
Baymax. Único elemento que funciona em todo o filme.
Por outro lado, Hiro e Baymax são a alma e o coração do filme. A trama de ação serve de desculpa para tratar um pouco sobre luto. Baymax é uma espécie de última mensagem de despedida de Tadashi para Hiro e a forma como a relação do menino com o robô se desenvolve é comovente. O robozão, diga-se de passagem, é a única fonte de risos sinceros da produção. É a coisa mais simpática e fofa que existe no universo e com certeza vai ganhar o favoritismo das crianças. Os dois personagens, não à toa, ganham vozes de dubladores profissionais que lidam bem com o drama e com a comédia.
Na parte técnica, a direção de arte se destaca. O universo de Operação Big Hero se passa em uma cidade chamada São Françósquio, uma mistura de São Francisco e Tóquio, e daí várias brincadeiras surgem. A ponte famosa da cidade americana ganha detalhes da arquitetura japonesa. A linha de prédios ganha brilhos das propagandas em LCD da capital do Japão e o mundo de avanços tecnológicos em que os heróis vivem é rico, colorido e cheio de detalhes de uma qualidade técnica que faz com que as peles, a água, as fumaças, os metais e tudo o mais pareçam realistas. O mais interessante são os designs do vilão e do Baymax que são belíssimos e servem bem ao que os personagens são.
A ação ultra movimentada e colorida é feita pensando apenas nos menores. Na hora em que os personagens se encontram nos confrontos ninguém nunca parece estar realmente em perigo e as lutas não prendem a atenção. Somado aos poderes sem inspiração, à trama ilógica do vilão e à falta de personalidade da maioria dos heróis, Operação Big Hero parece um filme genérico de super-herói.
Mas, se você é uma criança ou se é pai de uma ou mais, assista a Operação Big Hero. A reviravolta pode soar óbvia para adultos, mas é o tipo de plot que com certeza vai manter os menores envolvidos. A ação é superficial, mas é colorida e rápida o suficiente para entreter crianças. E a trama honesta, e muitas vezes sombria, é algo que considero apropriado para um filme infantil. Ele levanta discussões que são importantes e reais para todos, inclusive crianças. Mas se você é adulto e não tem nenhuma criança para levar para o cinema, não assista a Operação Big Hero. Este filme não foi feito para você, no máximo para sua criança interior.
P.S.: Há uma cena para os fãs da Marvel após os créditos.
GERÔNIMOOOOOOOO…
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