Os 39 Degraus foi o filme que Hitchcock dirigiu logo após filmar a versão de 1934 de O Homem que Sabia Demais. Ficou conhecido como o primeiro filme do diretor, e um dos primeiros da história, com o recurso chamado “man on the run”. O recurso apresenta um protagonista correndo para salvar sua vida de algum tipo de injustiça.
Richard Hannay é um canadense que mudou recentemente para Londres. Durante um show ele conhece uma mulher que se diz espiã. O homem só acredita nela quando a vê morrer esfaqueada. Usando as poucas informações que ela lhe passou, ele precisa correr para provar sua inocência e impedir um grupo de espiões de roubar inteligência britânica.
Assim como o filme anterior do diretor, Os 39 Degraus é o que eu gosto de chamar de filme xablau. Tem uma briga num espetáculo, alguém deu um tiro, o cara tá com a mina no apartamento, de repente ela tem uma faca nas costas e xablau. Tudo isso com menos de dez minutos de projeção.
O filme é rápido pra caramba. Numa hora o cara está no apartamento, na outra está na Escócia. Imagino que era um estilo do Hitchcock do período. Em termos de estrutura de trama, ele corresponde bastante ao que ele fez durante o resto de sua carreira. O que pega é a pressa. Não tem muito tempo de desenvolvimento e construção. Os elementos tendem a ficar caricatos.
O que tenho notado é que as fotografias em preto e branco do Hitchcock são mais expressivas e muitas vezes mais interessantes. Aqui e ali ele faz brincadeiras com a luz que dão brilho à produção.
Mas ele já se revelava o grande diretor que faria todos aqueles clássicos. Em uma cena específica ele faz uma transição de câmera ao redor de um carro. É possível ver que houve o corte por conta da qualidade dos efeitos técnicos da época, porque a montagem é tão perfeita que o movimento parece real.
Um rápido e divertido suspense com gostinho do diretor rechonchudo.
GERÔNIMOOOO…