Nunca usei drogas ilícitas conscientemente (houve um incidente relacionado a uma pizza batizada que não merece ser lembrado). Sempre tive curiosidade sobre as experiências relacionadas, mas nunca foi o bastante para ir atrás ou aceitar quando me ofereceram. Felizmente Os Instrumentos Mortais passou pela minha vida e agora eu já tenho um pouco de noção sobre as sensações relacionadas.
O filme se encaixa na categoria que chamo de xablau. Ele começa, tem uma ruivinha maneira, ela vai pra balada, matam alguém, aparece o capeta na casa dela e xablau! É doido desse jeito. Passa mais ou menos uns dez minutos e tem anjos, vampiros, lobisomens, demônios e um grupo de caçadores fazendo cosplay de cyberpunk.
Lembro de ter assistido o remake de Karate Kid e achado legal. Pensei que o diretor, Harald Zwart pudesse ser talentoso. Foi um dos motivos porque coloquei fé nessa nova adaptação de livro infanto-juvenil.
Foi um engano.
Harald Zwart dirige de forma inovadora. Não precisa de construção de cena, de ambientação. As cenas começam e passam igual uma bala. Não precisamos analisar os eventos completamente. Pra que isso? A única coisa de que precisamos é uma correnteza de informações jogadas nas nossas caras.
O pior é que a mitologia por trás daquele universo é interessante. Um anjo veio à Terra e derramou seu sangue em um cálice. Os humanos que beberem dessa taça se tornam mais poderosos e passam a ser elementos importantes para manter o equilíbrio do mundo. Eles se chamam caçadores de sombras e possuem habilidades físicas e um tanto de conhecimento mágico através de runas.
Mas quando esse contexto é gasto com uma adolescente que não se importa de seguir algumas coisas bizarras para dentro de buracos só para se mostrar para um loirinho metido é fácil ficar entediado.
Sem sacanagem, Os Instrumentos Mortais – Cidade dos Ossos é um filme tão mal realizado em termos de linguagem e narrativa que vira uma comédia involuntária. Eu estava morrendo de rir durante a sessão. Ria tanto que a fã do livro sentada próximo ficou incomodada. Eventualmente ela começou a rir também. De tão bom que o filme é.
O ápice dessa maluquice é quando o casal protagonista vai para uma estufa e os dois começam a se beijar com fundo de música romântica para adolescentes. É tão ruim que pensei seriamente em levantar e sair da sala.
É triste ver a Lily Collins atuando. Não porque ela é má atriz, mas porque ela só faz filmes questionáveis. Foi a Branca de Neve da Rainha Má da Julia Roberts. Foi par romântico da tentativa de transformar o Taylor Lautner em herói de ação. E agora isso. Mas ela ruiva ficou muito interessante, pelo menos.
Todo o elenco parece estar nas alturas do ecstasy. Com destaque para o Jonathan Rhys Meyers. O inglês está solto como o vilão do filme. Mas não da forma positiva. Ele fica pulando e esbravejando pelo cenário tentando parecer maluco e perigoso, mas só parece uma criança hiperativa. O visual gótico não ajuda muito.
A surpresa é um coadjuvante chamado Robert Sheehan. Ele faz o melhor amigo da protagonista. Daqueles presos na zona da amizade. O ator é completamente desconhecido para mim, mas é o único do elenco que consegue dar alguma realidade as suas falas sem sentido. Se o filme fosse todo focado nele seria muito mais interessante.
A continuação aparentemente já foi confirmada. Para essa vou levar todos os meus amigos, com bebidas e muitas piadas prontas. Afinal de contas, Zwart vai voltar como diretor. E o humor involuntário deve reinar novamente.
FANTASTIC…
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