Logo no início da versão de Os Miseráveis de 1998 aparecem os seguintes créditos. Baseado na obra de Victor Hugo. Só por isso já fiquei animado com o filme. Assisti as duas versões com preconceito. Querendo gostar mais da versão sem pessoas cantando o tempo inteiro. Esse foi meu primeiro erro. Os dois têm suas vantagens e seus defeitos e os dois funcionam individualmente. E é por isso mesmo que vou tentar fazer uma abordagem mais focada apenas neste filme.
Os Miseráveis é uma adaptação da obra clássica de Victor Hugo e conta a história de Jean Valjean. Ele é um ex-presidiário que conseguiu se reerguer como cidadão influente. O filme acompanha dezenove anos da fuga de Valjean do oficial Javert, que acredita que as regras e as leis são os padrões morais absolutos.
Já na primeira meia hora de filme fica óbvio que certas falas foram escritas apenas para explicar alguns contextos, apesar de serem fora de lugar. No começo Valjean recebe ajuda de um padre e entra na igreja esbravejando e explicando sua condição de antigo prisioneiro. Soa falso. Essas coisas ocorrem através de toda a produção.
Billie August, o diretor, estava maluco. As cenas são filmadas de qualquer jeito. São profissionais, os enquadramentos são corretos, mas a câmera não conta a história. São os atores e o roteiro. Vários eventos importantes acontecem distantes, sem abrir espaço para compreensão de certos detalhes.
Além disso, August não sabe criar cenas com algum tipo de ação. Em determinado ponto, Valjean se enfurece com Javert e o ataca. É tão mal dirigido e montado que se torna risível.
Os atores se esforçam muito, mas a montagem é tão sem sentido que parecem estar fora de lugar. Geoffrey Rush cria um Javert focado e pertubado. Liam Neeson está correto, quando está bem. Uma Thurman entra e sai apenas no desespero. E a Claire Danes nunca esteve tão bonita.
Parece que o editor fez de propósito. Pega os piores takes dos atores e se estende demais em alguns momentos. As interpretações ficam vergonhosas.
Os grandes trunfos são o roteiro e a direção de arte. A trama é coesa, os eventos fazem sentido, não se prende em coisas desnecessárias e se foca na clássica história de Valjean e sua redenção. Javert serve de jurado para sua alma e sua decisão final é uma metáfora interessante.
A construção do período através das artes é linda. As roupas, os cenários, os objetos. Tudo funciona de forma linda em favor da ambientação. Infelizmente a direção trabalha no sentido contrário.
Agora, caso você queira uma opinião comparando os dois. O musical funciona melhor como cinema, como história o de 1998 ganha. De qualquer forma, o livro deve ser muito superior aos dois.
GERÔNIMOOOOOOO…