Até pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a Guiana Francesa abrigava uma grande e brutal colônia penal comandada pela França. Os considerados como os principais criminosos do país europeu eram enviados para a conhecida como “Ilha do Diabo”.
A história de Henri Charrière, um prisioneiro que conseguiu escapar do complexo, chegou ao conhecimento do público na década de 1960, após a publicação do livro autobiográfico Papillon – O Homem que Fugiu do Inferno. A obra inspirou a nova produção e foi retratada anteriormente no filme de 1973 que contou com Steve McQueen e Dustin Hoffman no elenco.
O novo Papillon é dirigido pelo dinamarquês Michael Noer (R), com roteiro de Aaron Guzikowski (Os Suspeitos). Charlie Hunnam (Sons of Anarchy) protagoniza a produção, acompanhado de Rami Malek (Mr. Robot), Michael Socha, Roland Møller (Terra de Minas), Joel Basman (Nós Somos Jovens. Nós Somos Fortes.), Eve Hewson e mais.
Papillon (Hunnam) atuava como ladrão em Paris, quando foi condenado por um assassinato que não cometeu e enviado para a Guiana Francesa. Quando chega na prisão, começa a planejar uma fuga. Para concretizá-la, ele precisa de dinheiro e, por isso, se aproxima do afortunado Louis Dega (Malek), encarcerado por cometer falsificações. Em troca do financiamento para escapar, o primeiro passa a proteger o outro de pessoas que o ameaçam.
Charlie Hunnam entrega uma atuação forte e convincente. O público consegue sentir a intensa força de vontade que leva Papillon a persistir tanto em busca da liberdade, mesmo com obstáculos surgindo frequentemente. Rami Malek, no geral, não se destaca. Com exceção de uma cena em que ele aparece em uma alucinação do amigo e interpreta um mímico. Nesse momento, o protagonista de Mr. Robot consegue roubar a atenção do telespectador de modo surpreendente e emocionante.
A maquiagem é, definitivamente, um dos destaques do filme, assim como a transformação dos atores, principalmente de Charlie Hunnam. O britânico, de acordo com entrevista concedida à mídia hollywoodiana, perdeu cerca de 15kg para o papel. A diferença é notável quando o personagem passa anos na cela solitária, com contato humano somente de funcionários do presídio e alimentação precária. A maestria do trabalho de transformação também fica clara no que tange ao envelhecimento de Papillon e Dega.
A nova produção de Michael Noer não é para todos. A história, em si, por acompanhar a prisão que durou mais de uma década, já é monótona. E isso é intensificado pelo fato de o filme ter 133 minutos de duração, sendo que a trama poderia ser desenvolvida tranquilamente em cerca de 20 ou 30 minutos a menos. Contudo, o incômodo gerado pode ser utilizado como uma artimanha para um maior envolvimento do público.
Apesar dos poréns, Papillon é um bom filme. Não vai muito além do já esperado de longas-metragens com esse teor, mas ainda assim entretém e envolve. Não é uma produção que dá vontade de assistir novamente/comprar DVD/ver na Netflix, no entanto, vale a ida ao cinema. De bônus, um leve gostinho das belezas de Paris e da Guiana Francesa.