Logo no primeiro episódio da retomada do programa Queer Eye for the Straight Guy, agora apenas com o título de Queer Eye, o especialista em moda do grupo, Tan, explica qual a importância do show em tempos atuais. “O original era sobre tolerância. Este é sobre aceitação.”
Para quem não conhece, Queer Eye for the Straight Guy era um reality show dos anos 2000 que levava cinco homens cis gays especialistas em moda, aparência, design de interiores, cultura e culinária até a casa de outros homens cis, mas héteros, para que eles pudessem orientá-los em como mudar a vida pelo visual.
A diminuição do título na nova versão feita pela Netflix representa muito do que Tan quis dizer. Agora, os cinco fabulosos aparecem para qualquer pessoa que precise do tipo de ajuda que eles podem oferecer. Logo na primeira temporada, que foi lançada no começo deste ano, eles mudam a vida de um homem cis gay.
Na segunda, já no primeiro episódio, o auxílio vai para uma mulher. Enquanto no quinto capítulo, um dos melhores de toda a série, o “cliente” é um homem trans em recuperação da mastectomia. Ao mesmo tempo, também atendem em outro momento um homem que votou abertamente no Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos.
Assim, o quinteto formado por Tan, Antoni (culinária), Karamo (cultura), Jonathan (aparência) e Bobby (design de interiores) discute muito do que a série quer passar. Todos são pessoas vulneráveis e todos merecem ser o melhor que puderem.
Porque os cinco fabulosos chegam na vida de pessoas que têm problemas de aceitação, de se fecharem para o mundo, de dar valor para si e para os que os amam. E, assim, confrontam muitos dos estereótipos desse mundo heteronormativo.
Karamo e Jonathan celebram um trabalho bem feito.
Mais de uma vez, algum homem fala que não quer fazer isso ou aquilo devido a alguma expectativa boba da sociedade. O gay auxiliado na primeira temporada, em especial, fala constantemente que não quer parecer afeminado demais. Em grande parte porque ele se esconde, e assim faz mal para si mesmo.
Não é apenas sobre aprender um novo prato, mas aprender a receber outros e se abrir para eles. Tampouco é sobre mudar o cabelo e a barba, mas sobre sentir-se bem com quem é. Nem se trata de uma casa mais bonita, mas sobre estar em um lugar que ajude a seguir em frente. Ir a uma peça ou a um museu não é o objetivo inicial, mas expandir os horizontes.
E apenas por isso, Queer Eye pode dar o exemplo do que as pessoas precisam na vida. Pode ser aquele empurrão para o homem perceber que ele tem que cuidar de si antes dos outros. Que se a mulher se arruma para o marido porque o ama, ele também deveria se arrumar para a esposa. Que ser vulnerável não é demonstração de fraqueza, mas de força. E mensagens do tipo sempre fazem bem ao mundo.