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Refém da Paixão

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Depois de seus três aclamados trabalhos iniciais, Jason Reitman perdeu as atenções com o fracasso de Jovens Adultos. Ainda assim, conseguiu dois excelentes atores para fazer seu novo filme. Não se deixe enganar, apesar de ter sido vendido como um filme no estilo das adaptações do escritor Nicholas Sparks, esse filme consegue ser muito mais do que isso.

Adele e Henry, mãe e filho respectivamente, vivem em solidão e com as dificuldades da depressão dela. Quando vão fazer as compras do mês, um fugitivo da prisão mais próxima, Frank, os ameaça e os força a escondê-lo em sua casa.

Todos os trailers indicavam um romance puro. A fotografia dá essa impressão e a ideia das campanhas de marketing era vender um filme para as mulheres e casais. Por mais que o filme tenha a trama romântica, o foco é um pouco diferente. Adele e Frank vão se apaixonar e o romance entre os dois vai mudar a vida deles. Mas existe toda uma profundidade por trás disso. São duas tragédias que formaram essas duas almas sofridas.

Frank e Adele. Sofrimento os faz se unir.
Frank e Adele. Sofrimento os faz se unir.

Jason Reitman faz um excelente trabalho criando essas personalidades. Passa as condições dela com pequenos detalhes, seja a dificuldade para acertar a marcha do carro ou momentos curtos em que ela fica perdida em pensamentos. Para contar a história dele, usa de flashbacks rápidos que vão pouco a pouco explicando porque ele foi preso.

É preciso dar os méritos para a Kate Winslet. Com menos de cinco minutos de filme ela já consegue passar todos os sentimentos de Adele com suas expressões. Uma olhada dela por trás do volante e pode-se entender que ela está revivendo traumas passados. Tanto que ela devora os momentos de Josh Brolin. Ele é um grande ator, mas perto dela fica apagado. Ainda assim, ele equilibra bem um homem truculento com o carinho que ele passa a sentir por aquela família.

O drama é fascinante e forte. Tende com muita força ao melodrama, mas Reitman não perde o foco ou a mão ao dar um tom de suspense. Começa com a mãe e o filho passando pelo terror de ter um criminoso invadindo suas vidas. Depois que os dois o aceitam, o suspense passa para a relação do garoto com uma colega de classe. Eventualmente começa o clímax onde a tensão é focada no que o filme realmente tratou desde o começo, a união daquelas pessoas e como eles fazem bem uns aos outros.

Henry com uma colega de classe. Possível perigo para a família.
Henry com uma colega de classe. Possível perigo para a família.

O suspense é constante, principalmente com uma impressão de calor através do filme. Os personagens estão sempre suados e a fotografia usa tons quentes. Causa um leve desconforto que acrescenta à tensão constante do que pode vir a acontecer.

A trilha sonora também serve muito bem a isso. Abre o filme com uma longuíssima nota que demonstra que há algo errado na relação entre mãe e filho. Próximo ao final, quando começa a corrida do clímax e o suspense alcança o ápice, a trilha simula uma batida de coração inquietante.

Frank vai pouco a pouco conquistando os dois ao revelar-se o marido e o pai que os dois precisavam. Para fazer isso, Reitman coloca uma espécie de clima bucólico ideal. A fotografia somada à trilha minimalista e aos planos engrandecedores fazem parecer com que passar um dia inteiro limpando calhas, consertando portas e limpando a casa é a forma mais divertida de passar o tempo. É muito bonito no filme, mas cria uma imagem do que é um homem ideal bastante conveniente e ingênua.

J. K. Simmons é desperdiçado em apenas uma cena rápida, assim como o James Van Der Beek e o Tobey Maguire. É legal ver essas estrelas fazendo participações rápidas, mas eles não tem tempo bastante para desenvolver seus personagens. Então o que fazem é parecer apenas eles mesmos e distrair a atenção do filme.

No mais, Refém da Paixão é um ótimo suspense com um drama pesado e interessante. Principalmente para mulheres que são mães solteiras. O filme revela um lado bem complexo por trás dessas pessoas. Muito bem dirigido. Considerando que se trata do primeiro suspense de Reitman, eleva o valor de um diretor eclético.

 

ALLONS-YYYYYYYYY…

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