Terceira parte da franquia Cities of Love (Cidades do Amor, em tradução literal), Rio, Eu te Amo é a chegada da série para terras tupiniquins. Com direito a vários diretores e atores internacionais, o filme homenageia e reflete um pouco a chamada “cidade maravilhosa”.
As histórias de diversos personagens se cruzam na cidade do Rio de Janeiro. Alguns estão lidando com sofrimentos pessoais, outros querem apenas um pouco de paz e um só quer tomar um banho depois de uma longa viagem.
A proposta é a mesma dos filmes anteriores. Chamar um grupo de diretores renomados para dar um pouco de suas opiniões sobre a cidade retratada. Cada diretor faz um curta fechado e um desses diretores cria transições entre os curtas conectando os personagens e realizando sua própria história. A lista de realizadores tem nomes como José Padilha, Fernando Meirelles, Carlos Saldanha, Guillermo Arriaga, Paolo Sorrentino e John Turturro.
Rodrigo Santoro e Bruna Linzmeyer (extraordinários) no curta de Carlos Saldanha.
Cada diretor conta sua pequena história sobre o que é o Rio de Janeiro. De cada história surge um ponto de vista novo. Sorrentino faz uma comédia sobre o ponto de vista de turistas ricos e entediados. Padilha faz uma crítica e ainda fala mal da cidade. Meirelles fala sobre os amores passageiros que existem nas diversas beldades femininas cariocas e por aí vai.
Essa multiplicidade de pontos de vista não apenas deixam o filme episódico, o que era de se esperar de um longa feito de curtas, como também gera uma inconstância no todo. Alguns contos são extremamente conceituais e se valem de uma linguagem mais lenta e difícil. Logo em seguida surge um outro bobo e rápido. Um estilo atrapalha o outro, fazendo com que o filme nunca se sustente em nenhum. Porém, todos se sustentam na singeleza. São pequenas histórias sobre pessoas. Mesmo os levianos tem seus momentos belos. Com exceção do curta chamado Vidigal, que é apenas uma fantasia maluca que destoa do resto.
Vicent Cassel no curta de Fernando Meirelles.
A parceria com a Conspiração Filmes, que fez campanha para que o filme fosse realizado no Rio, garantiu a qualidade técnica da produção. Porém, certos macetes típicos de produções nacionais soam estranhos aqui e ali. Como o uso de trilha branca para comentar momentos que não precisam de música, deixando a produção com um leve tom de baixo custo. No entanto, como cada diretor é autor também, a produção foi obrigada a pagar por músicas mais caras que elevam o valor do resultado final.
O imenso elenco está ótimo, com algumas exceções. Enquanto atores como Rodrigo Santoro, Harvey Keitel, Jason Isaacs, Vicent Cassel e Fernanda Montenegro (de longe a melhor coisa do filme) brilham em cena, outros passam vergonha. O seguimento protagonizado pelo Marcelo Cerrado com o Ryan Kwanten (de True Blood) é de fazer o espectador se encolher com vergonha alheia.
Fernanda Montenegro roubando o filme.
Irregular e com apuro técnico, Rio, Eu te Amo, é um filme que preenche o papel que se propôs. Reflete sobre a cidade, a homenageia e ainda revela seus lados feios. Tem certos momentos terríveis, mas se sustenta até o final.
GERÔNIMOOOOOOO…