Falei a algum tempo sobre filmes “nerdados”. Sobre como o pessoal pode ser cruel com alguém que ousa ter a opinião um pouco diferente. Mas talvez seja legal falar sobre o oposto. A pessoa que tem a opinião diferente e trata todo o resto como inferior. Para começar, já admito que sou culpado por ter agido assim.
Que terrível deve ser conviver com uma pessoa que acha que é melhor ou que está em algum tipo de nível superior que outra. No cinema não é diferente. Minhas namoradas, as ex e a atual, que o digam. A verdade é a seguinte, uma opinião embasada deve ser mais valorizada que um simples gostei ou desgostei. Mas isso não remove todo o valor das opiniões das pessoas.
Sua opinião vale justamente para a pessoa mais importante do mundo, que é você mesmo. Depender da aprovação dos outros é autodepreciação. Não são os outros que nos fazem sentir mal, é o valor que damos às opiniões deles.
Ainda assim, isso não é motivo para as pessoas tentarem impor suas opiniões sobre as outras. Alguns críticos de quem sou muito fã de vez em quando falam absurdos perturbadores. Falam que a opinião do público geral é imbecil, ignorante e ridícula.
Uma das grandes belezas do cinema é justamente sua subjetividade. Cada filme é ao mesmo tempo sete bilhões de filmes. Um para cada pessoa. Ninguém passa pela mesma experiência no cinema que outra pessoa. É um dos motivos pelos quais adoro discutir cinema. Às vezes, conversando aprendo mais sobre o filme que revendo-o. Um ponto de vista diferente pode ser a diferença entre gostar ou não.
Podar a opinião dos outros é um veneno, não apenas para eles, como para o próprio cinema. Deve-se apoiar a expressão de cada um e ajudá-los a se comunicar em relação a si mesmos. Que tal, ao invés de criticar opiniões sem desenvolvimento, estimular compreensão e argumentação?
Não ache que sua opinião é a única válida, nem que se alguém tem uma opinião contrária a pessoa é ignorante.
Deixo aqui o final de Ratatouille. O crítico Anton Ego faz uma análise introspectiva sobre o valor de uma crítica comparada com o objeto criticado. Citando o próprio filme, “A mais simples porcaria, talvez seja mais significativa do que a nossa crítica.”
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GERÔNIMOOOOO…