Jake Casdan retoma a parceria com os atores Jason Segel e Cameron Diaz para realizar sua nova comédia. Com uma carreira enxuta de poucos filmes e mais trabalhos como diretor de TV, ele usa do estilo que fez sucesso na série The New Girl para a realização deste Sex Tape.
Annie (Diaz) e Jay (Segel) sempre tiveram a vida sexual extremamente ativa. Até o dia em que tiveram filhos. Quando finalmente conseguem um pouco de tempo juntos, a energia antiga não aparece novamente. Para apimentar esse tempo precioso que arrumaram, eles resolvem filmar a transa com o novo iPad dele. Porém, o aparelho compartilha o arquivo com dispositivos de diversos conhecidos e parentes. Começa então uma corrida para que consigam impedir pais, vizinhos, filhos e sobrinhos de ver o vídeo.
Annie e Jay convencem os amigos a ajudar na busca.
Ver o nome do Jason Segel e as várias imagens de semi-nudez dele com a Cameron Diaz nos materiais de divulgação invoca o excesso de pele que ele apresentou em seu outro filme, Ressaca de Amor. Saber que este é co-roteirizado por ele já cria a expectativa de muito humor explícito sobre sexualidade e uma leve mensagem humana sob a superfície. Características típicas dos filmes do grupo saído da série Freaks and Geeks, do qual Segel fazia parte. A diferença aqui é que ele também conseguiu despir a Cameron Diaz e que, além dele no roteiro, também há a presença do parceiro de Os Muppets Nicholas Stoller.
O resultado é um roteiro mais bem estruturado que os iniciais escritos pelo comediante. Stoller não perde o tom da brincadeira que provoca o espectador, mas que vai acelerando o ritmo para chegar a um clímax divertido. O problema aqui é o diretor. Jake Kasdan pode ter feito sucesso com o gênero anteriormente, o que significa que existe algum timing cômico, mas com as técnicas básicas de direção ele é péssimo.
Um diretor ser ruim em uma comédia do estilo normalmente não faz muita diferença. Porém, coloque um diretor desses para trabalhar junto com um montador também ruim e o resultado é um filme cujos cortes vergonhosamente quebram a realidade construída na narrativa. O problema é tão comum que talvez tivesse sido útil nem ter contratado um continuísta para a produção. Se não houve erro de continuidade no set, o montador faz questão que cabeças, expressões e mil e uma coisas mudem de lugar de um take para o próximo. É incômodo de assistir.
Porém, Kasdan tem um bom ritmo de humor e as piadas funcionam. Sem contar que com frequência ele cria expectativas de que vai mostrar um nu frontal de supetão, mas brinca com essa sugestão fazendo rápidas gags visuais. Ele serve às piadas, mas não ao filme como um todo.
Enquanto Annie e Jay correm feito loucos atrás das pessoas e dos iPads, diversos problemas do relacionamento dos dois vão se revelando. A distância que a vida de casado criou fez com que medos e dúvidas surgissem. A discussão é mais que válida quando todo filme quer discutir valores familiares bobos e repetitivos. Ainda mais quando essas reflexões se dão de forma tão honesta em relação a tópicos como sexualidade em família e relação entre pais e filhos. Apesar de Annie e Jay amarem seus filhos, ainda são capazes de reconhecer neles algum tipo de desgosto. Em uma cena ele comenta com ela que não havia reparado que o filho homem está um pouco babaca, o que seria muito mal visto em outras produções. Porém, todos os momentos de analogia interessantes se resumem a um coadjuvante cômico falando a lição de moral relacionada à jornada sem muita convicção.
Uma característica curiosa é o fato de que o filme também é uma grande propaganda da Apple. Jay tem dois iPads constantemente, sempre que se lança uma nova versão, ele troca os dois por novos. Na casa deles, ele tem dois computadores da Apple na mesma mesa, seus filhos tem iPads, seus pais tem iPads. Sem contar que toda a confusão da trama se dá por conta da conectividade dos aparelhos. Para garantir que essa conectividade não fique com imagem negativa por conta da confusão, a solução final também é resultado das facilidades proporcionadas pela empresa.
A Cameron Diaz já vinha se revelando uma boa comediante nos últimos anos e parece que ela aprendeu direito. Ela não faz feio em meio aos montes de comediantes com quem divide a cena nem perde destaque com uma excelente química ao lado do experiente Jason Segel. Ele, por sua vez, tinha a complicação de ser o par romântico de uma mulher com essa beleza renomada. Para não fazer feio, ele conseguiu um visível desenvolvimento de sua forma física. Ainda não é um grande exemplo de beleza, mas não parece tão fora de lugar ao lado dela. Além dos dois, vale comentar a participação minúscula do Rob Lowe. O ator está hilário ao dar seriedade para um personagem cuja vida circula ao redor de infância, mas que tem problemas de desenvolvimento de maturidade. Ele sozinho daria um filme interessante.
Um roteiro redondo, uma direção que dá valor ao humor, uma reflexão corajosa e um elenco que dá conta do recado salvam Sex Tape de seus problemas técnicos e do excesso publicitário. Não é um dos grandes filmes já feito, mas faz um bom trabalho como comédia padronizada.
GERÔNIMOOOOOOOOOO…