Billy Batson (Asher Angel) é um órfão de 14 anos que vive à procura insaciável de sua mãe biológica. As atitudes do personagem ao longo da vida sempre foram egoístas e interessadas apenas na missão que ele mesmo se impôs.
Fugir das famílias que sempre o tentaram adotar virou hobbie, por acreditar que sua mãe também estaria do outro lado à procura dele depois de, acidentalmente, tê-lo perdido num parque de diversões quando mais novo.
Sem se encaixar definitivamente no perfil que um mago misterioso (Djimon Hounsou) buscava para ganhar os poderes mágicos, Billy se torna o escolhido e encarna o herói Shazam (Zachary Levi) todas as vezes que grita seu nome.
O universo cinematográfico da DC Comics já foi muito conhecido por ter um tom mais sombrio nos enredos comparado à Marvel Comics. Entretanto, desde o filme da Liga da Justiça, vemos uma mistura maior entre o sombrio e o cômico, e até de maneiras sutis e mais bem encaixadas do que a concorrente.
Tal feito retorna em Shazam! O longa consegue ter uma trama mais séria, mesmo nas entrelinhas, do que na expectativa do escritor desta crítica! (baseado no que vimos nos trailers). Tudo aqui se trata da descoberta da responsabilidade existente em relação a um “dom” cedido ao protagonista.
O modo imprudente e cômico presente na maneira de encarar a nova realidade de Billy somado ao constante peso na consciência que ele carrega ao fazer um ato passível de julgamento, enriquece demais os momentos vividos na pele de Shazam. Seja quando o personagem não vai a um encontro marcado com seu amigo, sem ter obrigação nenhuma de ir, mas que ajudaria o colega. Como quando, antes de se tornar o herói, se arrepende quase instantaneamente de não retribuir o carinho da nova irmã.
Tudo é construído de maneira a crer que, mesmo que Billy não fosse a pessoa mais indicada para aquela jornada, de fato, ele carrega consigo a sinceridade. O que é colocado no filme como, talvez, a maior dádiva que um ser humano pode ter. Evidenciado na cena que o mago passa os poderes ao garoto.
Mas claro, nem tudo parece ter sido tão bem calculado. A DC tem nas mãos a possibilidade de ver onde a Marvel mais cometeu seus erros e mudar. Parece não ser de interesse do estúdio. A explicação dada do porquê a “representação de vilão” pode ser tão preocupante para o mundo é patética. Sem peso.
É algo tão superficial que se contado em uma crítica não será spoiler. No passado, quando o “vilão” foi solto ou surgiu, trouxe muitas desgraças a terra. Então você quer me dizer que o nazismo, talvez, um dos maiores maus que já estiveram presentes no planeta se deu por conta daquele vilão apresentado?
E, mesmo que a resposta seja sim, os seres humanos conhecem muito bem o vilão do filme. Pode acreditar no que digo aqui. Não me parece que ele esteja muito aprisionado como mostrado.
A motivação para existir um Shazam é colocada em segundo plano. Traz consigo uma história de origem de herói péssima, mas uma história de descoberta e transformação de um ser humano bem legal de se assistir. Por conta das grandes metáforas expostas com o mundo real e banal, como por mostrar a maneira mais provável que uma pessoa com falhas reagiria ao receber uma grande responsabilidade que mais parece uma diversão.
Em relação ao elenco, pode-se gerar uma certa estranheza ao vermos o herói, versão adulta de Billy, nas primeiras vezes. Mas, entende-se rapidamente que se trata quase que um corpo de adulto e uma mente de um adolescente. Elemento que justifica muito do humor empregado em algumas situações.
Shazam! Não traz inovações na história. Acerta na transformação de nosso protagonista e comete o erro, que já é corriqueiro demais de origem superficial do herói. Muito provavelmente porque o estúdio pensa em abordar isso em outros filmes de todo o universo. Até como forma de união narrativa.
Todavia, precisamos de um resgate a um pensamento, perdido ao longo do tempo, de construir uma trama mais independente de universo. Embora sabemos que exista um universo por trás. Os X-mens dos anos 2000 e os filmes do Homem-aranha de Sam Raimi faziam isso muito bem.
E, mesmo assim, existiam ganchos em elementos presentes na jornada do herói, vilão ou algum personagem específico para futuras continuações.